quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Papo de Propaganda

O Pará me cercou de carinhos e homenagens quando estive lá e, se já não bastasse isso, o Gilvan Capistrano, do Papo de Propaganda, fez uma entrevista comigo. Você pode assisti-la, clicando no link abaixo.

Acesse:
Papo de Propaganda

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

"A cartilha do Humberto"

Eloy Simões foi um dos publicitários mais criativos que São Paulo ja teve.
Aposentou-se e foi morar em Floripa (sorte dele!), mas como publicitario será sempre escravo do trabalho: o cara hoje é diretor de faculdade.

Eloy fez um comentário no site Acontecendo aqui, que encheu meu coração de alegria e me animou a continuar escrevendo sobre o tema. Tomo a liberdade de transcrevê-lo abaixo.

.....

A cartilha do Humberto

1.“Olhe para as pernas deles.” Ali, no Campo de Treinamento da Barra Funda, eu via Cilinho acompanhar o treino dos jovens da categoria sub vinte. Sentado ao lado dele, ouvia e anotava algumas coisas que poderiam ajudar-me no marketing do S. Paulo F.C., que eu dirigia.

Cilinho é um estudioso das coisas do futebol, dedicação que fez o clube a conquistar, com uma equipe muito jovem dirigida por ele, vários títulos na década de oitenta.
Naquele momento ele me chamava a atenção para um detalhe que passaria despercebido para um leigo como eu:

“Jogador de pernas finas tem muito mais chance de ser um craque do que os de pernas grossas.”

E explicava:
“De uns tempos para cá os clubes começaram a contratar preparadores físicos, gente formada em Universidades, que veio trabalhar com os técnicos, quase todos boleiros que nem eu, que se tornam treinadores depois que param de jogar. Aí, os preparadores, melhor preparados intelectualmente, passaram a impor preparo físico cada vez mais intensivo.  Os jogadores, então, começaram a se tornar atletas e a deixar de lado o futebol-arte. Que, por isso, está perdendo a graça.

Eles ganharam velocidade, chutam mais forte, mas são incapazes de dar um drible bonito, de fazer uma jogada emocionante. São os pernas grossa.”
 

2.Lembrei-me desse episódio quando li Propaganda – O caminho das Pedras, do Humberto Mendes, entre outras coisas vice-presidente executivo da Fenapro, lançado pela Editora NVersos.
De uma forma clara, simples, direta, Humberto mostra o caminho das pedras para quem quer alcançar o sucesso na propaganda. Fala diretamente com os jovens, mas seus ensinamentos atingem a todos  os que se tornaram profissionais de pernas grossas, incapazes de produzir uma comunicação brilhante.
Humberto fala deles, “os publicitários autoconsagrados, que acham que não precisam da orientação de ninguém. Eles pensam que já sabem tudo.” Define o seu público alvo “os alunos de comunicação em qualquer estágio, os formandos e também aqueles que estão entrando hoje no mercado de trabalho”. Critica qualidade do ensino e cita vários exemplos. E dá uma série de sábios conselhos. O primeiro deles:
“Não espere entrar no mercado de trabalho para começar a aprender.”
Aí, deita e rola.
 
3. Enquanto desfila conselhos, Humberto cita algumas personalidades  gigantes da história da publicidade. Como Caio  Domingues, por exemplo:
“Todo produto tem uma história interessante. Vale a pena trabalhar para descobri-la.”
“Um anúncio medíocre custa o mesmo que um anúncio brilhante. E um anúncio burro custa mais caro que um anúncio inteligente, mesmo quando é menor.”
Ou como David Ogilvy:
“Se você entrar direto numa agência de publicidade ao formar-se na Escola de Administração de Harvard, esconda sua arrogância e continue estudando.”
Lembra-nos de pensamentos como
“O tempo e a matéria-prima da vida. Não o desperdice.”
“A única coisa que ninguém consegue recuperar na vida é o tempo perdido.”
E vai por aí afora, distribuindo sabedoria.
Sabedoria que não temos o direito de desperdiçar, a menos que desejemos nos tornar publicitários de perna grossa.
 
 (Elóy Simões. Publicado em: http://www.acontecendoaqui.com.br/posts/a-cartilha-do-humberto-mendes/ no dia13 de fevereiro de 2013)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sustentabilidade: as madeiras de lei e a publicidade

O termo sustentabilidade está cada vez mais em moda no dia a dia das pessoas e em todos os segmentos da sociedade brasileira. Qualquer  coisa é sustentabilidade pra lá, sustentabilidade pra cá... E tome sustentabilidade para tudo.  

Então vamos aproveitar para ampliar um pouco mais o uso do vocábulo, fazendo uma comparação entre o que está acontecendo com as madeiras de lei e a publicidade.
Falando em termos de equilíbrio ecológico, por exemplo, é de lamentar - profundamente lamentável mesmo - a constatação de que nossas chamadas madeiras de lei como jacarandá, cedro, peroba, marfim, mogno e até o pinho que era produzido  em larga escala  no sul do país parecem estar praticamente com os dias contados, porque não vemos o seu replantio. É claro que há exceções, mas a maior parte do reflorestamento de que se tem noticia, está acontecendo com espécies  sem o mesmo valor e nobreza dessas espécies em extinção.

Trazendo esse exemplo para a nossa atividade, a publicidade, é da mesma forma triste, muito triste, a conclusão a que se chega de que não houve renovação dos nossos “homens de lei”,  de grandes profissionais como Armando D’Almeida, Caio Domingues, Renato Castelo Branco e tantos outros  que, comparados ao jacarandá, cedro, peroba, mogno e outros, eram os nossos “paus pra toda obra”, sempre tomando posições em defesa da atividade fazendo-a respeitada em todos os nichos  da sociedade, porque não permitiam que certos  pilantras fizessem uso dela para enriquecimento ilícito. Porque cobravam o preço justo pelo seu trabalho. Porque não abriam mão da ética, da dignidade,  do respeito ao ofício de publicitário  e do profissionalismo que regia suas vidas e a própria atividade.

Lamentavelmente isso é tudo o que não vemos nos nossos dias atuais.  

É claro que existem grandes profissionais que não concordam com o desmanche que está sendo promovido por alguns empresários  da publicidade  que, a exemplo de madeireiros sem caráter e sem respeito, só enxergaram o lucro imediato e dizimaram com as nossas florestas.

Mas ainda há tempo de reparar as falhas e corrigir a rota do nosso negócio. É uma questão de refletir sobre o que estamos fazendo pela sobrevivência de nossa atividade.

Porque  não podemos permitir que ela seja dizimada.   

(Publicado em Propaganda & Marketing em 21.01.13)