Quanto mais medo temos de crise,
mais aumenta a nossa dificuldade para acertar os ponteiros na nossa empresa, na
nossa atividade, na nossa vida. Albert Einstein dizia que quem acredita muito
na crise acaba acreditando mais nela do que no seu próprio negócio, em si
mesmo, na sua família, na sua própria vida.
É preocupante a gente abrir o
jornal, ligar a televisão, o rádio do carro, conversar com o porteiro do prédio
onde moramos, com o motorista do táxi, com o ascensorista do prédio onde
trabalhamos ou mesmo com o nosso próprio pessoal, porque a conversa toda
geralmente gira em torno de uma crise
que, na maioria das vezes, sequer bateu na nossa porta.
Eu sou publicitário, vivo no meio
de crises e de guerras há mais de sessenta anos, e posso afirmar, sem medo de
errar, que a crise na propaganda vai existir sempre e só vai acabar no dia em
que entendermos que é preciso dar mais importância ao nosso negócio do que à
crise.
Vamos admitir que estamos de fato
vivendo no meio de uma crise, mas também não podemos perder de vista que, mais
dia menos dia, ela vai acabar, o mercado vai voltar à normalidade e, aí, então,
quem estiver melhor organizado é quem vai sobreviver.
Organizado como? O amigo leitor
sabe que existe uma entidade que se chama Sindicato das Agências de Propaganda
em cada estado da federação, e que essa entidade está umbilicalmente ligada às
agências associadas, lhes oferecendo todo tipo de apoio de que necessitarem. É
muito mais apoio que se possa imaginar.
Tem alguns casos que vale a pena
contar, pois servem como bons exemplos. Este aconteceu em São Paulo. Logo que vim trabalhar na Fenapro, um certo
anunciante resolveu trocar de agência porque entendia que estava na hora de
escolher uma que lhe cobrasse um preço menor pelo trabalho de planejamento, criação
e, mais do que isso, lhe desse prazos dilatados para pagamento. Na sexta-feira,
recebeu o contato da agência que o atendia e lhe deu o golpe de misericórdia:
“Não trabalho mais com sua agência. Você pode ligar no Fantástico, domingo,
para ver os novos comerciais da nossa nova agência...”. O contato, um menino
que acabara de sair da faixa de trainee,
ficou tão apavorado que voltou voando
para a agência com essa triste notícia.
Não conto o nome da agência, nem
do cliente porque não tenho a anuência de ambos
para citá-los neste texto. Eu, então, que acabara de chegar na Fenapro,
o que fiz foi procurar imediatamente o Sindicato que informou que, das agências
em questão, apenas uma era filiada. A que acabara de perder a conta. O
Sindicato agiu prontamente, resolvendo o problema de uma forma que não houve
nem mortos nem feridos. O cliente manteve a relação com a agência por mais seis
meses, pagou tudo o que era direito desta, e foi embora. Sua relação com a
outra agência durou pouco, porque se tratava do mais exacerbado amadorismo, tanto
do cliente quanto daquela agência mais barata, pois que esta, para cobrar
menos, oferecia um serviço de péssima qualidade, um relacionamento medíocre com
os veículos e fornecedores, o que representa um fraco poder de negociação e outras
deficiências normais quando se trata de amadores.
A conta procurou de volta a
agência anterior. Esta era associada a um bom Sindicato. Era uma empresa
profissional. Formava profissionais, valorizava o ensino, se reciclava o tempo
todo, usava o seu Sindicato. Cuidava de
cada job com ética e
profissionalismo, como se fosse a razão maior de sua vida.
Aceitou o cliente de volta? Não. Porque
a dignidade não tem preço.
Amigos, casos como esse eu
conheço vários. Converse com o seu Sindicato e se sua agência ainda não estiver
filiada, filie-a.
Publicado no jornal Propaganda & Marketing edição 27 de
julho de 2015