quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ora, pois!

Eu também tenho mania de contar causos e, na maioria das vezes, eles acabam se tornando verdadeiros "cases". Como sempre gostei de poesia, acabei sendo vítima de um vate lusitano, lá pelos idos de 1950 e poucos, ao me deparar com um soneto "de sua autoria".

Esse causo eu conto neste vídeo, veiculado no programa "Grandes nomes da propaganda", e você pode conferir, clicando no link abaixo.

Grandes Nomes da Propaganda

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Propaganda de ontem e de hoje

No Brasil de hoje já não tem lugar para a propaganda de ontem. Não concordo com isso, mas ainda assim  entendo  que é muito importante buscar o aprimoramento técnico e o entendimento da nova linguagem que está aí e, viver de braços dados com  os modernos temas que permeiam as nossas discussões. Outro dia, por exemplo, na comissão de  julgamento do Prêmio Renato Castelo Branco de Responsabilidade Socioambiental na Propaganda,  na ESPM, me entregaram um Ipad  onde estavam os anúncios, filmes, campanhas, vídeos, e tudo o que precisava ser visto, e aí só tive que passar o dedo na tela e começar a trabalhar. Vale enfatizar que neste ano (estamos em outubro de 2012), foi mais fácil, mais clean e mais rápido o trabalho, graças a essa nova plataforma.  

É preciso saber do que se trata, quando se fala em IPAD, IPOD, ação viral de comunicação, tablet,  redes sociais, blog, twitter, facebook, sociedade digital, sustentabilidade socioambiental, mobile, comunicação integrada. É preciso entender a importância de tudo isso na transformação das comunicações, não só aqui, mas em todo o mundo. Enfim é fundamental entender  por que essas coisas mudam tão rapidamente, dando lugar a outras melhores, com a velocidade de uma tecnologia que atualiza tudo, não mais a cada ano e a cada dia, mas a cada minuto ou mesmo a cada segundo.
 
Mas tem uma coisa que não muda nunca  porque é perfeita desde que nasceu. Trata-se da ética, cuja definição nos dicionários é de uma pureza e simplicidade quase sertanejas e que, por isso mesmo não precisa mudar:  “Ética = 1) Parte da filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. 2) Conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão...”

É isso mesmo: no exercício de uma profissão.

É por isso que não podemos nos esquecer que a nossa profissão, a publicidade, é movida por valores e princípios éticos, morais e profissionais, e que foi pela prática desses valores que atingimos o estágio de uma das melhores, mais criativas e mais eficazes  publicidades produzidas em todo o mundo.

E vamos ainda mais longe. Quem viver verá!

(Texto apresentado na palestra de lançamento do livro "Propaganda - o caminho das pedras" - São Paulo 30.10.12

Síndrome da generalização

Acho que somos os campeões mundiais da generalização. Basta ver a quantidade de injustiças que cometemos com pessoas, empresas, produtos etc.  Em matéria de alimentação, por exemplo, alguém disse que chocolate engorda, que provoca erupção de pele e todo mundo assumiu isso como uma verdade universal e agora ninguém consegue desfazer o mal feito, e quem perde com isso é o país que tem um baixíssimo consumo de um produto essencial. Na política, alguém disse que político é tudo corrupto, é claro que por culpa de alguns.  Todos sabemos que não é bem assim, mas o que sai da boca do povo é que "não dá mais para acreditar nos políticos." Na religião, apareceram alguns padres pedófilos, mas certas pessoas entendem que todos os padres são pedófilos. E os pastores? Só porque alguns usam o dízimo dos seus inocentes fiéis para comprar fazendas, mansões e construir nababescos  patrimônios pessoais, não se pode afirmar que todos os pastores sejam ladrões  e que precisam “ser expulsos do templo”.
E por aí vai; uma dia alguém disse que o general Charles De Gaule teria afirmado: "efectivement le Brésil, n'est pa une nation serieuse", ou seja: efetivamente o Brasil não é uma nação séria. Em pouco tempo, virou  unanimidade os idiotas de sempre citarem  essa frase como sendo do grande estadista francês Chales De Gaule.  Ainda bem que toda unanimidade é burra, como dizia Nelson Rodrigues.  

A síndrome da generalização atingiu também o segmento da publicidade: meia dúzia de três ou quatro, cujos nomes são mais do que conhecidos, usaram e abusaram do setor, em função de seus interesses espúrios. No momento em que escrevo este texto, eles ainda não foram  punidos, mas  virou moda pessoas de todas as classes sociais - a começar por ministros, juizes, senadores, deputados, professores,  jornalistas e outros - acusarem gratuitamente a publicidade de  corruptora, corruptível e carente de seriedade.

Trabalho nessa atividade há muitos anos e tenho orgulho do que faço,  porque temos normas, temos um código de ética que nos orienta desde o início, e primamos por trabalhar dentro desses princípios, intrínsecos de todos os segmentos que se dão ao respeito.

Vamos parar de generalizar?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Homenagem Sinapro



Meus amigos,

O Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia resolveu me homenagear pelos meus cinquenta e tantos anos trabalhando em publicidade, como se eu não tivesse feito mais do que minha obrigação pela minha atividade.

Mas eles fizeram uma bela homenagem e eu acabei recebendo mais do que merecia, inclusive deram um texto no qual falo dos meus sonhos de menino da Praia de Subaúma e da Praia do Forte, usando a frase “plantar meus sonhos”que não é de minha lavra, mas de um poeta desconhecido.

Então aproveito para corrigir a falha e dividir com o poeta, ainda que eu não saiba quem é, os méritos e os aplausos que o texto suscitou.
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Propaganda: o caminho das pedras


Nesta terça-feira, 30/10, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, precedido de uma palestra sobre o futuro da propaganda, será lançado meu livro "Propaganda: o caminho das pedras".
Apareçam por lá!



Livro: "Propaganda: O Caminho das Pedras"
Autor: Humberto Mendes
Editora: nVersos (veja site aqui)
Páginas: 188
Preço: R$ 39,00


A arte de criar gafanhotos

Entrevista publicada em "Jornalirismo - Propaganda"


O publicitário Humberto Mendes está lançando o livro "Propaganda: O Caminho das Pedras" (Editora nVersos, 188 páginas, R$ 39,00). Como o título sugere, é uma tentativa de indicar bom caminho, de orientar, tanto técnica quanto eticamente, os jovens interessados em ingressar e evoluir na profissão de publicitário. 
Esses jovens o autor os chama de gafanhotos, como o Mestre Po, uma das personagens da série "Kung Fu", sucesso dos anos 1970, chamava seu pupilo, o monge Shaolin Kwai Chang Caine, vivido pelo ator David Carradine. 
Bagagem para ensinar a arte do ofício o autor tem de sobra: são mais de 50 anos de dedicação à propaganda. Humberto viveu a revolução criativa na propaganda brasileira, a partir do fim dos anos de 1950. Já atuou tanto em agências de propaganda quanto em veículos. Desde 2002, o publicitário é vice-presidente executivo da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), uma das principais entidades nacionais de classe. 
Em "Propaganda: O Caminho das Pedras", o autor aproveita sua experiência e faz uma retrospectiva da atividade publicitária no país, ao longo das décadas, compartilha lições de grandes mestres, como as de David Ogilvy, e muito do que aprendeu, na prática. A orelha do livro é do publicitário e jornalista Juvenal Azevedo, amigo de longa data do autor. "Um caminho que ambos percorremos embaixo de sacrifício e muita porrada para aprender em mais de 50 anos", recorda Humberto. 
Com palestra do autor, o lançamento de "Propaganda: O Caminho das Pedras" será no dia 30 de outubro, às 19h30, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping, na rua Turiassu, 2.100, região oeste de São Paulo. 
Leia agora pequena entrevista com o publicitário: 
Jornalirismo — A propaganda é uma profissão que vale a pena? 
Humberto Mendes — Vale muito, porque nela aprendemos a dar valor a tantas coisas que nem imaginávamos que existissem, como liberdade de expressão comercial e de como, fazendo uso dessa liberdade, podemos indicar os melhores caminhos para as pessoas fazerem suas escolhas livremente. E isso vale para produtos, serviços e ideias. Vale para tudo. Vale a pena, porque não existe maior gerador de progresso e desenvolvimento do que a propaganda bem elaborada através de agências independentes, sem a influência de house agency [agência gerida pelo próprio anunciante], bureau de mídia [que cuida exclusivamente da compra de espaços publicitários, atividade que cabe, no Brasil, às agências de propaganda], mesas de compras [departamentos criados nas empresas anunciantes para realizar compras conjuntas de insumos e serviços, incluindo compras de trabalhos criativos, como filmes publicitários, muitas vezes baseadas fortemente em preço] e outras excrescências que alguns estão engendrando. Mas o que é bom nisso é que os anunciantes têm cada vez mais consciência disso, pois entendem definitivamente que, de todos os insumos que ele contrata e usa para encher os canais, desovar seus produtos para o consumidor e ampliar o valor de suas marcas, a propaganda é o mais importante e econômico deles. 
Jornalirismo — Como é que se torna um bom profissional de propaganda? O que é preciso fazer? 
Humberto Mendes — Ter, acima de tudo, humildade para dizer que não sabe e querer aprender. Como dizia Sócrates, não aquele do Corinthians, mas o outro [filósofo da Grécia], o maior erro que alguém pode cometer é pensar que sabe aquilo que não sabe. Entendo que é preciso ser perseverante, disciplinado, não colocar seu ego em primeiro lugar e ter consciência de que propaganda é tudo que a pessoa mais quer fazer na vida, entendendo com isso, que, se for montar uma agência sem a intenção de fazer um trabalho ético, sério e honesto, é melhor desistir e montar um negócio de exploração de lenocínio. Resumindo, todo aquele que quiser vencer na vida, trabalhando em propaganda, precisa ser profissional em tempo integral, "fultimemente" como o foram Caio Domingues, Renato Castelo Branco, Armando D'Almeida, Gerard Wilda e tantos outros que construíram essa grande avenida por onde caminhamos hoje. 
Jornalirismo — De tudo o que a vida te ensinou como profissional de propaganda, o que foi mais importante? 
Humberto Mendes — A profissão me ensinou que é preciso ter consciência de que temos de passar, para os mais os novos, todas aquelas boas coisas que aprendemos. Me ensinou que é possível fazer esse trabalho em alguns minutos, mesmo que tenhamos levado meio século e muita porrada para aprender. A vida me ensinou que são vocês, os mais novos, que vão tocar as coisas amanhã. A humanidade é uma só. Não existe preto, branco, amarelo, vermelho, é tudo ser humano e ninguém é melhor do que o outro.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

House agency e outras excrescências


House e agency são dois vocábulos absolutamente antagônicos e por isso não podem andar juntos. Para mim, house é aquele lugar para onde a gente volta no fim do dia, após encerrar o expediente na agency. Se house agency fosse um bom negócio, se tivesse a utilidade e eficiência que todos os que investem em propaganda esperam e precisam, a indústria de alimentação a automobilística, os bancos, os telefones já teriam montado as suas. Também outras de nossas grandes empresas não teriam desativado suas houses.
Um dos maiores inconvenientes de uma house agency é não ter com quem concorrer para disputar a conta do anunciante, que é também o dono da house, e isso torna seu trabalho muito burocrático, acomodado e eu ousaria dizer que até burro. A propaganda teve um grande mestre, se não o maior deles,  Caio Domingues, que defendia a ideia de que, para um anunciante que dispõe de vários produtos com marcas consolidadas,  uma boa estrutura de vendas para atender e trabalhar bem os canais e, é claro,  uma boa verba para anunciar,  o melhor a fazer é contratar duas ou mais agências. "Elas vão se matar" para mostrar quem faz o melhor trabalho. Isso pode garantir àquele que paga a conta, o cliente, a certeza de que não receberá trabalhos medíocres de nenhuma das agências que lhe atendem.
No  tempo em trabalhei em  veículo, vi muitas experiências com house agency não darem certo, e o mais grave é que a culpa pelos maus resultados recaía sempre nas costas da publicidade e não nas de um empresário míope que, para ficar com uns trocados de 20%, se metia numa seara da qual não tinha o menor conhecimento, ou seja: montava uma sala dentro da empresa, registrava como agência na junta comercial , colocava um sobrinho da esposa, que acabara de se formar e já achava que tinha uma house agency; e aí tome maus resultados de uma propaganda medíocre...
Quanto às outras excrescências, como bureaux de mídia e mesas de compra que alguns estão engendrando por aí, posso garantir que são absolutamente dispensáveis, na medida  em que a estrutura de mídia, planejamento, pesquisa e outros setores afins de nossas agências em todo o país é suficientemente bem preparada para não precisar desse tipo de parceiro ou apoio, o nome que quiserem dar.  Hoje a  mídia interage com alta tecnologia na pesquisa, na criação, no atendimento, no planejamento e em todas as ações da agência  junto ao cliente. Pergunto: por que uma boa  agência vai colocar, para participar de uma mesma ação, um corpo estranho a seus quadros? Vi um caso que exemplifica bem o problema: tinha um desses bureaux em formação (felizmente não passou do embrião) que,  por uma imposição do cliente, a agência acabou engolindo goela adentro. Seu executivo, de posse de todas as informações contidas no job, levou a conta para uma "agência" com quem estava mancomunado. Uma safadeza que, para se realizar, precisa contar com safados de todos os lados.
Isso pode  pode acontecer em qualquer setor da economia e na publicidade não é diferente.
(publicado em Propaganda & Marketing, em 9 de julho de 2012).

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O grande legado do V Congresso



Não vamos falar de todas, ou de cada uma das comissões ou painéis que fizeram o sucesso do V Congresso, porque temas como o futuro da profissão, mercado global, marca Brasil, comunicação e crescimento econômico, liberdade de expressão e democracia, personalização, privacidade, as novas fronteiras da mídia, sustentabilidade e comunicação, internacionalização da propaganda brasileira,  a palavra do consumidor, propriedade intelectual, legislação e ética, criatividade e sucesso, novos caminhos para criar marcas, regionalização, grandes eventos, desafios e oportunidades, assuntos brilhantemente tratados  nas Comissões do V Congresso,  já foram ou estão sendo esgotados por toda a mídia, não só nacional mas também internacional.
Certamente a Comissão Organizadora do Congresso, comandada  por Luiz Lara, enviará para todos, brevemente,  os anais do V Congresso com vasto material contando tudo o que aconteceu... 
Por isso resolvemos falar de uma  figura internacional, que nunca trabalhou em agência, em veículo e muito menos em  anunciante, logo nunca foi um publicitário. Mas nunca deixou de ser um dos nossos, já que vive comunicação o tempo todo.  Não é à toa  que ele está no nosso V Congresso.
Trata-se do arcebispo Desmond Mpilo Tutu, cuja apresentação no Congresso nos legou uma verdadeira lição de democracia. Muito mais do que um  sacerdote sul-africano, um homem do mundo, Tutu sempre foi um dos mais destacados defensores dos injustiçados como Nelson Mandela e tantos outros. Mestre Tutu conquistou o respeito de toda a humanidade porque lutou até a vitória final contra o “apartheid”. É um dos mais brilhantes líderes mundiais e defensor intransigente da liberdade de expressão e democracia. Sua lição vai ficar gravada nos corações e mentes dos mais de 1.300 delegados de todos os segmentos de mercado que marcaram sua presença nos dias 28, 29 e 30 de maio, no V Congresso da Indústria da Comunicação. A lição de velho “Prêmio Nobel da Paz” é uma daquelas coisas que ninguém vai esquecer.

(publicado nos jornais: Jornal do Comércio, Diário de Pernambuco e outros jornais do estado)

domingo, 17 de junho de 2012

Resultados concretos para anunciantes, agências, veículos e consumidores


Entrevista publicada no Anuário de agências de publicidade do Rio Grande do Sul em Setembro de 2011.

 “Estamos constantemente em contato com as diferentes realidades regionais que existem  nesse imenso Brasil, e é por isso que defendemos tanto a valorização dos mercados regionais, como fator de aceleração e crescimento do país, e as agências locais têm muito a contribuir, pois conhecem como ninguém as particularidades de cada região”.

Humberto Mendes, Vice Presidente Executivo da FENAPRO, analisa aqui a atuação da entidade e sua verdadeira contribuição ao setor.

Qual a principal bandeira da FENAPRO?
 A principal bandeira da FENAPRO é a valorização, o crescimento e o desenvolvimento da atividade publicitária brasileira em todas as regiões do País.

 A FENAPRO opera em 26 Estados e no Distrito Federal do país. Como consegue atuar preservando homogeneidade em culturas tão diversas, comparativamente ao norte e ao sul do país, por exemplo?
 A FENAPRO, por ser entidade sindical de grau superior, representa a atividade econômica publicitária em todo o país, através dos sindicatos estaduais e diretamente nos estados onde ainda não exista um SINAPRO.
 A questão da diversidade de culturas em todos os quadrantes do país é muito bem entendida pela entidade, estamos constantemente em contato com as diferentes realidades regionais que existem nesse imenso Brasil e é por isso que defendemos tanto a valorização dos mercados regionais, como fator de aceleração e crescimento do país, e as agências locais têm muito a contribuir, pois conhecem como ninguém as particularidades de cada região. Frequentemente estamos nos reunindo com todas as lideranças regionais da publicidade em seus próprios mercados de atuação e como até hoje não inventaram alguma coisa mais eficaz do que a Internet, mantemos contato permanente com esses nossos pares.

 Como a FENAPRO vê e analisa a qualidade da propaganda produzida em terras brasileiras?
 Sem dúvida que a qualidade da propaganda brasileira é excelente, haja vista os inúmeros prêmios internacionais que recebemos.
  Acontece que existe um Brasil enorme com suas particularidades e que está produzindo valiosas campanhas publicitárias, e constantemente vem se aperfeiçoando, apesar de muitas vezes trabalhar com parcos recursos, e mesmo assim consegue extrair excelentes ideias, produzindo propaganda de boa qualidade.

 Quanto à ética profissional, o país está em que condição, comparativamente ao primeiro mundo?
 Neste sentido estamos bastante adiantados e até em condições melhores, porque entendemos que o respeito à ética em qualquer atividade humana não deveria ser visto como uma simples questão de respeito às leis, mas acima de tudo um dever de consciência de cada um. Na propaganda fazemos questão fechada de lutar o tempo todo em defesa desse princípio. Um dos trabalhos que a FENAPRO realiza com frequência é o de disseminar o respeito ao ofício de publicitário e a cultura da ética profissional junto aos estudantes de comunicação, através de palestras e seminários em todo o Brasil.

 Existe respeito às normas que proíbem certos tipos de publicidade?
 Nesse quesito temos o melhor mecanismo de autorregulação no setor que é o CONAR.

 Fora dos Grandes centros, como as agências se posicionam?
 A FENAPRO tem como objetivo maior disseminar a valorização profissional das agências e seus profissionais em todos os mercados, de norte a sul do país. Um trabalho que vem sendo realizado com muito sucesso há mais de 03 anos e, podemos afirmar que o posicionamento de uma agência de propaganda, não importa se pequena, média ou grande, e nem a unidade da federação onde esteja instalada, hoje é o mesmo posicionamento, porque entendemos que propaganda é um negócio de resultados concretos para o anunciante, para agência, para os veículos e para o consumidor que recebe uma informação bem elaborada e com qualidade suficiente para ajudá-lo em suas escolhas.

 O que falta e o que sobra ao analisarmos o perfil dos nossos profissionais como dirigentes de agências?
 Falta um pouco mais de consciência do grande valor que tem o seu trabalho como dirigente de um setor que gera progresso, em todos os sentidos, e o que sobra é a necessidade de se entender como multiplicador de todos os valores empregados no seu trabalho.

  Quais os planos de crescimento da FENAPRO em expansão e proposta de atuação?
A FENAPRO entende que deve continuar trabalhando duro na defesa de todos os princípios elencados neste texto. Entende também que é fundamental a soma de esforços entre os profissionais de propaganda, as empresas e as entidades setoriais na busca permanente do aprimoramento e reconhecimento dos valores que a atividade tem de sobra.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Meu quinto Congresso


No primeiro, em 1957, eu era um garoto iniciando na atividade da publicidade e, de lá para cá, virei publicitário de corpo e alma e nunca deixei de estar presente no grande evento.
Mesmo sendo considerado um irrecuperável quixotesco por alguns dos nossos parceiros, sempre achei que a publicidade deveria ser um negócio de resultados concretos para os anunciantes, para os veículos, para  o consumidor e para si mesma como atividade.
Os Congressos muito têm colaborado para eu continuar acreditando nessa assertiva, e o V Congresso, realizado nos dias 28,29 e 30 de maio de 201,2 não foi diferente. Vejamos;

Primeiro, o  anunciante, que pode estar consciente de que as agências são  empresas sérias,  inteligentes e com linguagem moderna e atualizada o suficiente para  ajudá-lo, em qualquer parte do território nacional, não só a desovar seus produtos, mas também e principalmente, a valorizar suas marcas e conquistar a preferência e fidelidade do consumidor.
Segundo, os veículos que encontram no insumo publicidade o melhor complemento para sua existência como multiplicador de uma informação comercial confiável, e muitas vezes até melhor que a informação editorial, já que é estribada em pesquisas e estudos aprofundados do comportamento humano.
Terceiro, o consumidor, que hoje já recebe uma informação baseada  em dados de planejamento e  pesquisas, e não é tratado  como massa de manobra, o que lhe permite interagir mais de perto com anunciantes e produtos e,  assim, ter respeitados os seus direitos de cidadão.
Quarto e último,  a própria publicidade, que a cada dia se liberta mais da mediocridade de maus profissionais e aventureiros que muito colaboraram para que nossa profissão  fosse vista como uma atividade carente de seriedade  a ponto de se tornar a "bola da vez ou bode expiatório" daqueles (não preciso citar nomes) que não têm capacidade de eliminar, nem mesmo de minimizar o tamanho de sua hipocrisia.
Participei atentamente de quatro comissões do V Congresso, e seu conteúdo me deu a ampla certeza de que a publicidade brasileira continua, como sempre, no rumo certo.
Até o VI Congresso, se eu ainda estiver por aqui pela esfera terrestre.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O que esperar do V Congresso?

Em texto recente, teci comentários sobre o esforço dos publicitários e agências para realizar o 1º o 2º, o 3º e o 4º Congressos Brasileiros de Publicidade, e de como os ótimos resultados desses eventos - Lei 4.680, o Código de Ética dos Profissionais de Propaganda, as Normas Padrão para o Funcionamento das Agências de Publicidade, a valorização do ensino da propaganda e marketing, o incremento das pesquisas e estudos mercadológicos de Ibope, Marplan e outros institutos especializados, a criação do IVC, do Conar e outros instrumentos técnicos e legais - colaboraram para o desenvolvimento das agências e da valorização dos seus profissionais, colocando nossa atividade no topo de uma pirâmide onde só participam as mais talentosas e criativas propagandas de todo o mundo.
Tudo isso só foi possível porque os Congressos, principalmente os primeiros, tinham como objetivo principal implementar definitivamente a atividade da propaganda no Brasil, e o fizeram, com muito sucesso, tanto que atualmente a atividade produz, em todo o território nacional, propaganda com a mesma qualidade de qualquer centro do chamado primeiro mundo. É justo que também se diga que o sucesso se deve, inclusive, ao trabalho incansável da Fenapro e dos Sinapros com o apoio da Abap e seus capítulos. Essas entidades do setor nunca descuidaram do compromisso de valorizar regionalmente as agências e a propaganda como um todo.
E vem aí o próximo Congresso, para tratar de temas nunca antes discutidos, ou pouco discutidos. Entre eles a internacionalização das nossas empresas, e o que fazer para colocar nosso talento e competência nos mercados internacionais; crescimento econômico, o desenvolvimento humano e seus entraves, como burocracia, corrupção etc; personificação da comunicação através da tecnologia; a sustentabilidade - como e onde aplicar adequadamente esse termo tão em moda; a fragmentação da mídia e redefinição da mesma, em função das novas alternativas que aparecem a todo instante; o futuro da profissão: como as principais escolas mundiais estão preparando os futuros profissionais, a opinião de professores das escolas globais de comunicação, o estágio atual da educação no Brasil , etc etc...
Voltando ao início do nosso texto, o que esperar do Congresso, eu gostaria de comentar apenas uma das comissões, a de nº 1, O Futuro da Profissão, porque com ela eu tenho mais afinidade, uma vez que é onde dedico o maior volume de atuação de minha vida profissional nos últimos 20 anos. Não me canso de “vender” para os estudantes em faculdades de todo o Brasil o quanto é importante chegar no mercado de trabalho minimamente preparados para entender o que esse exigente mercado vai lhes cobrar amanhã. E por que devem assumir, desde já, responsabilidades com a ética, com o respeito ao ofício que escolheram, e a ter consciência de que para dar certo em propaganda, é fundamental ser profissional em tempo integral, “fulltimemente” , como costumo dizer, para me expressar de uma forma mais coloquial.
Espero que neste painel seja possível tratar o tema "futuro da profissão", levando em conta alguns dos aspectos citados acima, porque, de uma forma ou de outra, eles expressam as necessidades e os anseios de quem está hoje num banco da escola se preparando para entrar na propaganda.
Por outro lado, tomo a liberdade de lembrar, ainda que pareça quixotesco de minha parte, que nós, os profissionais que atuamos no setor, não devemos esquecer que ontem também estivemos naquele banco de escola, sonhando com uma oportunidade de entrar no mercado, e por isso temos como dever de ofício colaborar com a formação de nossos jovens.

E nós sabemos melhor do que ninguém como fazer isso.

Publicado no jornal Propaganda & Marketing 9 de abril de 2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

O que um anúncio pode fazer pelo ser humano

Recebi este material de uma amiga, e como ele nos mostra uma ação de propaganda e nos convoca a todos para uma inteligente reflexão, tomo a liberdade de colocar no meu blog, aproveitando para chamar você a refletir também. Infelizmente não sei quem é o autor desta maravilha.

Humberto Mendes

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"O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:
-- Sr. Bilac, estou precisando vender o meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Será que o senhor poderia redigir o anúncio para o jornal?
Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:
"Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e margeantes águas de um ribeirão. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda".
Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
-- Nem penso mais nisso, disse o homem, quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!"


Às vezes, não descobrimos as coisas boas que temos conosco e vamos longe, atrás de miragens e falsos tesouros. Valorize o que você tem, a pessoa que está ao seu lado, os amigos que estão perto de você, o seu trabalho, o conhecimento que você adquiriu, a sua saúde, o sorriso, o amor, enfim, tudo aquilo que a vida lhe ajudou a conquistar.
Não é preciso esperar que um anúncio lhe mostre tudo isso.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Publicidade infantil, o que é isso?

Estamos em 15 de março de 2012, e muito se fala atualmente sobre responsabilidade pelos "males" da chamada publicidade infantil.
Claro que somos todos responsáveis. Mas até onde vai nossa responsabilidade? Como publicitário, entendo que temos que ser responsáveis, primeiro por acabar com essa ingenuidade de tratar esse assunto como publicidade infantil, porque não existe publicidade infantil, como não existe publicidade adolescente, publicidade adulta, publicidade geriátrica etc. O que existe é publicidade, uma arte elaborada geralmente por pessoas adultas, com a intenção precípua de atingir, como neste caso, mães, pais, padrinhos, madrinhas, tios, avós etc. Esse sim, é o publico alvo. O consumidor de publicidade. Porque são eles e elas que compram os brinquedos, alimentos, roupas, guloseimas e tudo o que é consumido pela criança.
Definitivamente, criança não não produz e não consome publicidade.
Então, voltando ao assunto, precisamos entender - e entendemos - que a responsabilidade por educar nossas crianças é de mães, pais e da família como um todo, enquanto que a de ensinar a ler, escrever e contar é tarefa da escola.
Virou moda em nosso país atribuir a culpa de tudo à publicidade quando a grande culpada pelos desvios de conduta da nossa população de todas as idades é a fraca educação que recebemos em nossas escolas, por falta de incentivo do Estado, desde o tempo da capitanias hereditárias. Pergunto ao amigo leitor, um adulto que estudou ontem: na sua escola alguém deu aulas e orientou sobre os males da maconha, da bebida, do cigarro, da mentira, da inveja, do ódio, da vingança da preguiça, do medo, da gula e tantos outros que assolam a nossa população de todas as idades? Tenho receio de que temas dessa importância ainda não façam parte das grades curriculares do ensino, porque poucos têm coragem de abordar o assunto.
Só como um lembrete: na antiga União Soviética, por pura hipocrisia de seus burocratas, era proibido fazer anúncios de bebidas alcoólicas, no entanto, não era obrigatório ensinar e orientar, nas escolas de todos os níveis, sobre os males desses vícios que geralmente começam cedo. Isso porque o Estado jamais concordou em abrir mão das polpudas somas de impostos arrecadados em cada gole de vodka. Todos sabemos que os russos sempre beberam, e bebem muito. O que prova que proibir a publicidade por lá não adiantou, e prova também que proibir, na maioria dos casos, é pura hipocrisia, e é também a melhor forma de esconder as falhas do Estado embaixo do tapete.
E assim, morrendo de preocuopação eu pergunto: será que não estamos enveredando pelo mesmo caminho?

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

1º de fevereiro – Dia do Publicitário...

Esta é, também, uma excelente oportunidade para uma reflexão sobre o que andamos fazendo com a nossa profissão. Peço desculpas aos amigos, por colocar algumas perguntas que não querem calar, pois que me perseguem há mais de 50 anos e que, por insistir em lutar por elas, acabo sendo chamado de um velho e quixotesco publicitário. Não me incomoda muito ser confundido com a grande figura da obra de D. Miguel de Cervantes, o célebre D.Quixote de La Mancha, um cara que acreditava honestamente naquilo tudo por que lutava. Acho que é por isso que continuo acreditando que é preciso continuar lutando, sim, enquanto estiver por aqui.
Um abraço
Humberto Mendes

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1 - Temos tratado com ética, respeito, amor e seriedade o nosso oficio de publicitário?

2 - Temos mantido uma relação de dignidade ou de subserviência com os clientes, com os veículos, com os fornecedores, com as entidades?

3 - Temos lutado pela preservação dos valores éticos, morais e profissionais da nossa atividade?

4 – Temos formado novos e bons profissionais para “tocar” nossa atividade no futuro? Isso envolve outra pergunta: como temos respondido a cada convite que recebemos de estudantes para uma palestra em sua faculdade? É bom não esquecer que quase todos fomos estudantes, estagiários e, como os jovens de hoje, um dia corremos atrás do futuro.

5 - Temos procurado estabelecer limites mínimos para o que criamos envolvendo a verdade, o respeito à nossa língua, o bom gosto, o respeito ao ser humano?

Vale lembrar, por exemplo, que a mulher não é um objeto de uso qualquer para ter sua imagem vilipendiada por certas propagandas de bebidas e outros produtos, isso pra não falar no péssimo tratamento que se dá às crianças, aos animais, à família e, no desrespeito aos direitos de todos, porque toda vez que a propaganda é tratada como se fosse brincadeira, perde o anunciante que tem seu produto colocado numa vala comum, perde o consumidor que é encarado como um idiota, que aceita qualquer porcaria, e, finalmente, perde a propaganda, que acaba absorvendo para si a pecha de atividade carente de seriedade.