terça-feira, 13 de agosto de 2013

Comunicado ao público - Siemens



Meus caros Amigos
E lá estava eu, em minha casa repousando de uma recente angioplastia, quando me deparo com um anúncio  da Siemens na primeira página da Folha S.Paulo de ontem,  11 de agosto  no qual a empresa se defende das acusações de  formação de cartel nas obras do Metrô, abrindo suas baterias de diatribes contra a propaganda, nivelando estratégia publicitária com discursos vazios. 
O que me causa estranheza é que tal anúncio foi produzido por uma agência e das grandes...
Mas como ninguém fala mal impunemente de nossa atividade, "peguei nas armas" e mandei uma resposta imediata para o jornal , que mesmo editando-a, cortou muito do meu texto, mas ainda assim não deixou de expressar nossa indignação com tal absurdo. 
Estou tentando descansar mas os caras não deixam...
Grande abraço
Humberto Mendes 

Anúncio publicado no jornal Folha de S. Paulo em 11 de agosto/2013
Carta publicada no jornal Folha de S. Paulo em 12 de agosto/2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Valor e desconto: é tudo a mesma coisa? Claro que não!

Ambos os vocábulos, apesar de aparentemente significarem a mesma coisa ou quase isso, têm significados que vão além do simples custo a ser pago ou recebido por algum produto ou serviço e precisam ser levados em conta ao se fazer qualquer consideração a respeito. Por exemplo, valor, na explicação de qualquer dicionário, significa também estima, talento, coragem, intrepidez, valentia, importância, merecimento, préstimos, valia etc.

Já o termo preço, que é o verdadeiro significado daquilo a ser pago ou recebido financeiramente, também tem significados como castigo, pena, punição e outros que definem, por exemplo, formas de justiçar ou condenar defeitos e falhas. Esses significados e diferenças tornam necessário separar sempre os dois vocábulos quando o tema em discussão é a negociação do trabalho desenvolvido por uma das partes, sob pena de isso provocar confusões e causar prejuízos de toda ordem para uma ou para ambas as partes em negociação.

Outro dia, numa reunião, um companheiro dos mais éticos profissionais de publicidade que conheço (não cito seu nome por não ter sua anuência) se lamentava dos rumos que o nosso negócio está tomando e dizia o seguinte: “nós precisamos parar de vender descontos e começar a negociar os nossos valores...”.

Também já faz um bom tempo, o nosso mestre e guru Caio Aurélio Domingues dizia, numa reunião com as maiores agências do país: “toda vez que as agências se reúnem é pra perder alguma coisa...”.
 
Assim, considerando a enorme quantidade de valores que a propaganda agrega a produtos, empresas e marcas; considerando a importância da propaganda no desenvolvimento do país – em que ela muito colaborou  para  a  criação de um grande parque industrial, de uma vasta rede de prestação de serviços em todas as áreas da economia, de uma imensa rede de varejo que deu ao Brasil o título de país que mais inaugura shopping centers em todo o mundo –, é preciso refletir sobre o significado dos descontos.

Considerando também a importância da propaganda na formação de uma invejável malha de meios de comunicação, já que o Brasil dispõe de uma das melhores televisões e mídia impressa de todo o mundo, sem contar com o lançamento de novas mídias na área digital a cada instante;  considerando ainda que a propaganda muito tem colaborado para a consolidação  da liberdade de expressão comercial, sem a qual a mídia não teria como sustentar sua liberdade de expressão editorial com a simples venda de assinatura de  canais de rádio e TV e, a mais simples ainda, venda avulsa de jornais e revistas.

Considerando todos esses  considerandos,  que nada mais são do que a mais pura verdade, como é também uma verdade irrefutável  que a propaganda é sempre pautada por valores éticos, morais e, acima de tudo, profissionais, penso que cabe colocar aqui, neste texto, para reflexão, uma pergunta que não quer calar: quanto, em termos de valores pecuniários, a propaganda está cobrando, ou melhor, está recebendo por toda essa geração de desenvolvimento e progresso para os negócios e para o país como um todo e por todo esse nosso trabalho de valor inestimável?

Penso que é preciso discutir o que estamos cobrando e recebendo pelo nosso trabalho porque lembro bem que, nos anos cinquenta e sessenta (saudosismo à parte), as agências cobravam e recebiam de seus clientes, fossem eles privados ou públicos e também dos veículos, valores justos pelo seu trabalho. Exemplificando, a agência recebia dos veículos um honorário de 20% sobre todas as peças que veiculava e cobrava dos seus clientes um honorário de 15% sobre todos os serviços de terceiros, o que justificava plenamente o enorme trabalho de elaborar, acompanhar cada passo, dia e noite (é isso mesmo: dia e noite), a produção de materiais. Claro que também cobrava e recebia um preço justo, mesmo que baixo, mas justo, pelo seus trabalhos de criação, em que aplicava todo o talento, criatividade e competência dos seus profissionais.


Por que estou escrevendo sobre esse assunto? A resposta está na colocação feita pelo meu amigo na citada reunião acima, onde, repito, disse: “precisamos parar de vender descontos e começar a negociar os nossos valores ...” Está também na célebre frase do mestre Caio que dizia: “cada vez que as agências se reúnem é para perder alguma coisa...”.  E a verdade, amigos, é que ambos, tanto o meu amigo da reunião recente, como o Caio de 30 anos atrás estão absolutamente certos.

Assim, como um velho e “quixotesco” profissional que acredita ser possível consertar falhas e mudar o curso das coisas da vida, gostaria de convidar todos a fazerem uma reflexão sobre o assunto. Obrigado pela sua atenção e um grande abraço.


Publicado em: http://www.sinaprobahia.com.br/artigo.php?id=4200&t=valor-e-desconto:-e-tudo-a-mesma-coisa?-claro-que-nao. Em: 25/07/2013).