Este blog vem atender as inúmeras solicitações de estudantes de propaganda, ex-estagiários e jovens profissionais que estão entrando agora no mercado de trabalho, aos quais pretensiosamente acredito ser possível passar, em alguns minutos, conceitos e valores que levei mais de 50 anos e muita porrada pra aprender. Nele você encontrará crônicas, causos, cases além de histórias e discussões em torno da propaganda.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Comunicado ao público - Siemens
Meus caros Amigos
E lá estava eu, em minha casa repousando de uma recente angioplastia, quando me deparo com um anúncio da Siemens na primeira página da Folha S.Paulo de ontem, 11 de agosto no qual a empresa se defende das acusações de formação de cartel nas obras do Metrô, abrindo suas baterias de diatribes contra a propaganda, nivelando estratégia publicitária com discursos vazios.
O que me causa estranheza é que tal anúncio foi produzido por uma agência e das grandes...
Mas como ninguém fala mal impunemente de nossa atividade, "peguei nas armas" e mandei uma resposta imediata para o jornal , que mesmo editando-a, cortou muito do meu texto, mas ainda assim não deixou de expressar nossa indignação com tal absurdo.
Estou tentando descansar mas os caras não deixam...
Grande abraço
Humberto Mendes
Anúncio publicado no jornal Folha de S. Paulo em 11 de agosto/2013
Carta publicada no jornal Folha de S. Paulo em 12 de agosto/2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Valor e desconto: é tudo a mesma coisa? Claro que não!
Ambos os vocábulos, apesar de aparentemente significarem a mesma coisa ou quase isso, têm significados que vão além do simples custo a ser pago ou recebido por algum produto ou serviço e precisam ser levados em conta ao se fazer qualquer consideração a respeito. Por exemplo, valor, na explicação de qualquer dicionário, significa também estima, talento, coragem, intrepidez, valentia, importância, merecimento, préstimos, valia etc.
Já o termo preço, que é o verdadeiro significado daquilo a ser pago ou recebido financeiramente, também tem significados como castigo, pena, punição e outros que definem, por exemplo, formas de justiçar ou condenar defeitos e falhas. Esses significados e diferenças tornam necessário separar sempre os dois vocábulos quando o tema em discussão é a negociação do trabalho desenvolvido por uma das partes, sob pena de isso provocar confusões e causar prejuízos de toda ordem para uma ou para ambas as partes em negociação.
Outro dia, numa reunião, um companheiro dos mais éticos profissionais de publicidade que conheço (não cito seu nome por não ter sua anuência) se lamentava dos rumos que o nosso negócio está tomando e dizia o seguinte: “nós precisamos parar de vender descontos e começar a negociar os nossos valores...”.
Também já faz um bom tempo, o nosso mestre e guru Caio Aurélio Domingues dizia, numa reunião com as maiores agências do país: “toda vez que as agências se reúnem é pra perder alguma coisa...”.
Assim, considerando a enorme quantidade de valores que a propaganda agrega a produtos, empresas e marcas; considerando a importância da propaganda no desenvolvimento do país – em que ela muito colaborou para a criação de um grande parque industrial, de uma vasta rede de prestação de serviços em todas as áreas da economia, de uma imensa rede de varejo que deu ao Brasil o título de país que mais inaugura shopping centers em todo o mundo –, é preciso refletir sobre o significado dos descontos.
Considerando também a importância da propaganda na formação de uma invejável malha de meios de comunicação, já que o Brasil dispõe de uma das melhores televisões e mídia impressa de todo o mundo, sem contar com o lançamento de novas mídias na área digital a cada instante; considerando ainda que a propaganda muito tem colaborado para a consolidação da liberdade de expressão comercial, sem a qual a mídia não teria como sustentar sua liberdade de expressão editorial com a simples venda de assinatura de canais de rádio e TV e, a mais simples ainda, venda avulsa de jornais e revistas.
Considerando todos esses considerandos, que nada mais são do que a mais pura verdade, como é também uma verdade irrefutável que a propaganda é sempre pautada por valores éticos, morais e, acima de tudo, profissionais, penso que cabe colocar aqui, neste texto, para reflexão, uma pergunta que não quer calar: quanto, em termos de valores pecuniários, a propaganda está cobrando, ou melhor, está recebendo por toda essa geração de desenvolvimento e progresso para os negócios e para o país como um todo e por todo esse nosso trabalho de valor inestimável?
Penso que é preciso discutir o que estamos cobrando e recebendo pelo nosso trabalho porque lembro bem que, nos anos cinquenta e sessenta (saudosismo à parte), as agências cobravam e recebiam de seus clientes, fossem eles privados ou públicos e também dos veículos, valores justos pelo seu trabalho. Exemplificando, a agência recebia dos veículos um honorário de 20% sobre todas as peças que veiculava e cobrava dos seus clientes um honorário de 15% sobre todos os serviços de terceiros, o que justificava plenamente o enorme trabalho de elaborar, acompanhar cada passo, dia e noite (é isso mesmo: dia e noite), a produção de materiais. Claro que também cobrava e recebia um preço justo, mesmo que baixo, mas justo, pelo seus trabalhos de criação, em que aplicava todo o talento, criatividade e competência dos seus profissionais.
Por que estou escrevendo sobre esse assunto? A resposta está na colocação feita pelo meu amigo na citada reunião acima, onde, repito, disse: “precisamos parar de vender descontos e começar a negociar os nossos valores ...” Está também na célebre frase do mestre Caio que dizia: “cada vez que as agências se reúnem é para perder alguma coisa...”. E a verdade, amigos, é que ambos, tanto o meu amigo da reunião recente, como o Caio de 30 anos atrás estão absolutamente certos.
Assim, como um velho e “quixotesco” profissional que acredita ser possível consertar falhas e mudar o curso das coisas da vida, gostaria de convidar todos a fazerem uma reflexão sobre o assunto. Obrigado pela sua atenção e um grande abraço.
Publicado em: http://www.sinaprobahia.com.br/artigo.php?id=4200&t=valor-e-desconto:-e-tudo-a-mesma-coisa?-claro-que-nao. Em: 25/07/2013).
Já o termo preço, que é o verdadeiro significado daquilo a ser pago ou recebido financeiramente, também tem significados como castigo, pena, punição e outros que definem, por exemplo, formas de justiçar ou condenar defeitos e falhas. Esses significados e diferenças tornam necessário separar sempre os dois vocábulos quando o tema em discussão é a negociação do trabalho desenvolvido por uma das partes, sob pena de isso provocar confusões e causar prejuízos de toda ordem para uma ou para ambas as partes em negociação.
Outro dia, numa reunião, um companheiro dos mais éticos profissionais de publicidade que conheço (não cito seu nome por não ter sua anuência) se lamentava dos rumos que o nosso negócio está tomando e dizia o seguinte: “nós precisamos parar de vender descontos e começar a negociar os nossos valores...”.
Também já faz um bom tempo, o nosso mestre e guru Caio Aurélio Domingues dizia, numa reunião com as maiores agências do país: “toda vez que as agências se reúnem é pra perder alguma coisa...”.
Assim, considerando a enorme quantidade de valores que a propaganda agrega a produtos, empresas e marcas; considerando a importância da propaganda no desenvolvimento do país – em que ela muito colaborou para a criação de um grande parque industrial, de uma vasta rede de prestação de serviços em todas as áreas da economia, de uma imensa rede de varejo que deu ao Brasil o título de país que mais inaugura shopping centers em todo o mundo –, é preciso refletir sobre o significado dos descontos.
Considerando também a importância da propaganda na formação de uma invejável malha de meios de comunicação, já que o Brasil dispõe de uma das melhores televisões e mídia impressa de todo o mundo, sem contar com o lançamento de novas mídias na área digital a cada instante; considerando ainda que a propaganda muito tem colaborado para a consolidação da liberdade de expressão comercial, sem a qual a mídia não teria como sustentar sua liberdade de expressão editorial com a simples venda de assinatura de canais de rádio e TV e, a mais simples ainda, venda avulsa de jornais e revistas.
Considerando todos esses considerandos, que nada mais são do que a mais pura verdade, como é também uma verdade irrefutável que a propaganda é sempre pautada por valores éticos, morais e, acima de tudo, profissionais, penso que cabe colocar aqui, neste texto, para reflexão, uma pergunta que não quer calar: quanto, em termos de valores pecuniários, a propaganda está cobrando, ou melhor, está recebendo por toda essa geração de desenvolvimento e progresso para os negócios e para o país como um todo e por todo esse nosso trabalho de valor inestimável?
Penso que é preciso discutir o que estamos cobrando e recebendo pelo nosso trabalho porque lembro bem que, nos anos cinquenta e sessenta (saudosismo à parte), as agências cobravam e recebiam de seus clientes, fossem eles privados ou públicos e também dos veículos, valores justos pelo seu trabalho. Exemplificando, a agência recebia dos veículos um honorário de 20% sobre todas as peças que veiculava e cobrava dos seus clientes um honorário de 15% sobre todos os serviços de terceiros, o que justificava plenamente o enorme trabalho de elaborar, acompanhar cada passo, dia e noite (é isso mesmo: dia e noite), a produção de materiais. Claro que também cobrava e recebia um preço justo, mesmo que baixo, mas justo, pelo seus trabalhos de criação, em que aplicava todo o talento, criatividade e competência dos seus profissionais.
Por que estou escrevendo sobre esse assunto? A resposta está na colocação feita pelo meu amigo na citada reunião acima, onde, repito, disse: “precisamos parar de vender descontos e começar a negociar os nossos valores ...” Está também na célebre frase do mestre Caio que dizia: “cada vez que as agências se reúnem é para perder alguma coisa...”. E a verdade, amigos, é que ambos, tanto o meu amigo da reunião recente, como o Caio de 30 anos atrás estão absolutamente certos.
Assim, como um velho e “quixotesco” profissional que acredita ser possível consertar falhas e mudar o curso das coisas da vida, gostaria de convidar todos a fazerem uma reflexão sobre o assunto. Obrigado pela sua atenção e um grande abraço.
Publicado em: http://www.sinaprobahia.com.br/artigo.php?id=4200&t=valor-e-desconto:-e-tudo-a-mesma-coisa?-claro-que-nao. Em: 25/07/2013).
segunda-feira, 8 de julho de 2013
O homem e a marca
Nas minhas conversas
com estudantes de publicidade de todo o país, um dos temas de que mais
me utilizo para prender a atenção, entender e ser entendido por esses
futuros profissionais de propaganda é a importância das marcas na vida
das pessoas e das pessoas na vida das marcas. Nessas conversas, o que se
percebe é que, para eles, o produto ou serviço oferecido pouco significa
porque a marca é tudo. A verdade é que, como seres humanos,
instintivamente pensamos primeiro na marca, porque quem tem o
encantamento é ela, e o encantamento é o que faz a diferença em tudo nas
nossas vidas. O produto ou serviço, por melhor que sejam, vêm depois.
Exemplos
como um certo amido de milho, embalado numa caixa amarela, que nos
alimentou desde a mais tenra idade, ou uma certa pomada, que já combateu
assaduras nas bundinhas da grande maioria de nossas crianças, são duas
marcas muito fortes: cultivadas, amadas e respeitadas por todos: Maizena
e Hipoglós. Muito mais do que o amido e a pomada, ambas as marcas estão
organicamente inseridas na vida de todos. O mesmo acontece com Gilette,
Coca Cola, Brahma, Volkswagem, Ford, Esso, Omo e milhares de outras que conservam seus nomes e as características que as tornaram tão
importantes e mesmo parte da vida das pessoas.
Agora,
saindo de produtos e entrando no setor de serviços, fica claro que essa
importância é bem maior, porque quando uma empresa é vendida, sua marca
geralmente é eliminada e vai parar numa vala comum. Lembra de Banespa,
Varig, Unibanco, Panam, Le Petit, Cruzeiro, Atlantic e outras? O que
sobra é apenas uma grande tristeza naqueles que usaram e conviveram com
elas. Eu, por exemplo, morro de saudades da marca Varig cada vez que me
oferecem o lanche nos voos das marcas TAM e GOL.
Na
área de publicidade, então, a coisa se torna mais triste ainda. A Grant
Advertising, uma empresa que muito colaborou para o desenvolvimento
dessa atividade em nosso país, teve seu nome mudado para Coscom e
morreu pouco tempo depois. Também, com um nome desses, ninguém
aguentaria. Mas tivemos outras agências como Salles, Norton, Lintas,
Denison, Panam, Orion, PA Nascimento, Proeme e outras que criaram
campanhas memoráveis e formaram os mais criativos profissionais da
publicidade brasileira. Essas marcas de agências que foram e ainda são
verdadeiras referências de gerações de publicitários acabaram sendo
eliminadas como se nem tivessem existido.
Uma grande injustiça.
É
como se enterrássemos, numa vala comum, grandes nomes e referências
como Barão do Rio Branco, Mauá, Rui Barbosa, Winston Churchill, Elisete
Cardoso, Frank Sinatra, Tom Jobim, Caio Domingues, Renato Castello
Branco, Victor Hugo, Balzac, Voltaire, Neruda, Saramago e outros...
Neste
momento, estamos em 8 de julho de 2013, por amor ao meu ofício de
publicitário, penso em duas marcas. Duas das melhores agências da
propaganda brasileira de todos os tempos que foram vendidas
recentemente, duas referências que, espero, não sejam eliminadas e
lançadas numa vala comum.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
A sanha das proibições
Em 2001, um certo deputado
do Paraná resolveu abrir suas
baterias contra a propaganda de brinquedos e assemelhados. Na sua
estapafúrdia justificativa, S. Excia. declarava abertamente que tinha um
filho de 11 anos e que no dia em que não davam alguma coisa que ele quisesse,
fosse um brinquedo, um sorvete, o menino virava a casa pelo avesso,
ameaçava arrebentar tudo e que a culpa disso era unicamente da propaganda,
que envolvia com seus tentáculos as nossas criancinhas inocentes.
Naquela ocasião, o
Propaganda & Marketing publicou um artigo nosso em que alertávamos o
nobre deputado para o seguinte: o que será que o menino está aprendendo na
Escola ou mesmo em casa? Será que está aprendendo a ser ou está aprendendo apenas e tão somente a
ter?
Lembrávamos também a S.
Excia. que as indústrias de brinquedos e guloseimas eram responsáveis pela geração de milhões de
empregos, escola, saúde, segurança e vida para uma imensa população de brasileiros e
que isso só era possível porque tudo o que ela produzia era consumido, e
que a propaganda tinha uma grande responsabilidade em tudo isso, sem
contar que, na própria
atividade formada por agências, veículos e fornecedores, milhares e
milhares de famílias tinham suas vidas asseguradas. Mas iámos um pouco
mais longe, ao lembrar a S.Excia. e outros deputados que se eles achavam que
consumo de brinquedos, doces, sorvetes e outras guloseimas era tão nefasto à saúde e bem-estar de
nossa tão desprotegida população, por que não criavam projetos proibindo a
fabricação? Porque, se é legal fabricar, deve ser legal anunciar.
Agora, 12 anos depois, o
projeto de nº 5921 de 2001 do Sr. Deputado volta a tramitar em
Brasília em busca de aprovação. Também aquele filho de S. Excia que,
na época, estava com 11 anos hoje está com 23 ,e por isso, vamos torcer e
rezar para que ele tenha conseguido aprender a ser.
Humberto Mendes
Um velho publicitário que
pede respeito para o seu ofício
sábado, 1 de junho de 2013
O preço da ética
Essa
crônica foi publicada no
jornal Propaganda &
Marketing, no dia lº de dezembro de 2003. Aquela
quinzena ficou marcada, na propaganda, por trocas de agências nunca vistas
num mesmo período. Num desses casos, sem mais nem porquê, a reunião entre
o pessoal de atendimento de uma certa agência e um certo cliente, não digo
os nomes por não ter a anuência de ambos, começou e terminou assim:
“Escolhemos outra agência.
A partir deste domingo você já poderá ver nossos comerciais na televisão.
Quanto é que lhe devemos?". Com essa sutileza paquidérmica, foi liquidada uma relação que já
durava tempos entre agência e cliente. Alguns executivos acham que
pagar a fatura é o suficiente
para quitar tudo o que uma agência faz: pelas marcas, pelas vendas, pelo
desenvolvimento das empresas e também pelo seu emprego na empresa.
Esses absurdos acontecem a toda hora e só servem para acabar com a ética entre empresas e pessoas.
A relação entre uma agência de publicidade e seu cliente envolve muito mais do que a pergunta: “quanto é que lhe devemos?” Definitivamente não é igual à do consumidor com a padaria da esquina, onde ele compra pão, leite etc., etc., até que um dia troca uns desaforos com o “seu Manuel” por causa do troco e muda para outra padaria.
Pra começar ,a agência assume um compromisso que chega a ser sagrado, de não atender concorrentes, manter absoluto sigilo sobre os planos de seu cliente. A agência de publicidade tem um código de ética, que cumpre. Para fazer seu trabalho, a agência investe em novos serviços, pesquisas, estudos de mercados específicos e forma material humano especializado no atendimento de cada novo job, porque na atividade da publicidade não existem padrões e fórmulas prontas para atender à enorme variedade de problemas que os clientes lhes apresentam e para os quais pedem soluções.
E qual seria um preço justo por todo esse trabalho? O mestre Caio Domingues dizia: “Vale o combinado e são até desnecessários contratos e registros cartoriais, desde que exista, de ambas as partes, profissionalismo, respeito mútuo e respeito à ética, principalmente...”.
Esses absurdos acontecem a toda hora e só servem para acabar com a ética entre empresas e pessoas.
A relação entre uma agência de publicidade e seu cliente envolve muito mais do que a pergunta: “quanto é que lhe devemos?” Definitivamente não é igual à do consumidor com a padaria da esquina, onde ele compra pão, leite etc., etc., até que um dia troca uns desaforos com o “seu Manuel” por causa do troco e muda para outra padaria.
Pra começar ,a agência assume um compromisso que chega a ser sagrado, de não atender concorrentes, manter absoluto sigilo sobre os planos de seu cliente. A agência de publicidade tem um código de ética, que cumpre. Para fazer seu trabalho, a agência investe em novos serviços, pesquisas, estudos de mercados específicos e forma material humano especializado no atendimento de cada novo job, porque na atividade da publicidade não existem padrões e fórmulas prontas para atender à enorme variedade de problemas que os clientes lhes apresentam e para os quais pedem soluções.
E qual seria um preço justo por todo esse trabalho? O mestre Caio Domingues dizia: “Vale o combinado e são até desnecessários contratos e registros cartoriais, desde que exista, de ambas as partes, profissionalismo, respeito mútuo e respeito à ética, principalmente...”.
Como eu disse lá em cima, na
abertura, esse texto foi publicado em 2003, mas ainda vale para hoje,
porque infelizmente muitas relações continuam sendo rompidas do mesmo
jeito.
Amigos, ética nunca teve contraindicações. E não vai ser agora que vai ter!
sexta-feira, 17 de maio de 2013
O valor da publicidade
« La publicité est la
fleur de la vie contemporaine(...)
c’est la plus chalereuse
manifestation de la vitalité
des hommes
d’aujourd-hui. » Blaise Cendrars
Até parece que o autor
dessa ótima frase, que é uma verdadeira
ode à propaganda, era
publicitário. Não, não era. Blaise Cendrars, grande poeta e romancista francês (1887 –
1961) era, certamente, um daqueles muitos fãs que a nossa atividade sempre teve entre
as grandes celebridades, como o presidente americano F.D. Roosewelt, que
certa vez disse: “se eu não fosse político gostaria de ser
publicitário...” e muitos
outros grandes lideres da humanidade. Cendrars, expressando seu entendimento sobre
a publicidade, se ainda sei
alguma coisa de francês, vou tentar traduzir assim: “a publicidade é a flor da vida
contemporânea e a mais calorosa manifestação de vitalidade dos homens de
hoje em dia”.
Se grandes nomes com esses
aí de cima falaram tão bem de nossa atividade, por que nós, que tiramos
dela o nosso ganha pão, nos empenhamos em falar tão mal? Digo isso, porque
ainda ontem, num almoço que reuniu uma grande plêiade de
publicitários, ouvi gente dizendo que "não aguenta mais os clientes, os
veículos, os colegas de
profissão, que esse maldito negócio só lhes traz dor de cabeça e
prejuízo financeiro, além de ser hoje uma atividade nada séria" e outras
diatribes, próprias dos pessimistas de plantão.
Companheiros de
ofício, nossa atividade é séria, honesta, ética, e não teve, como
não tem, a menor parcela de culpa em acidentes de percurso como
valeriodutos, mensalões etc.
Vamos refletir sobre os
nossos valores, profissionais, éticos, e morais e procurar
valorizar ainda mais a atividade de onde tiramos o pão nosso de cada dia?
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Empreendedorismo... Simples assim
Tem uma palavra que
está muito em moda, e pouca gente sabe pronunciá-la corretamente na
primeira tentativa. No entanto, trata-se de uma qualidade ou virtude do ser humano
facilmente encontrável até nas coisas mais simples...
Já faz um bom tempo, eu morava no Rio de Janeiro. Um dia na feira, uma menina me ofereceu limão galego. Comprei, e ela agradeceu muito emocionada, talvez por ter sido eu o seu primeiro freguês do dia, ao mesmo tempo em que se queixou, com uma carinha triste e chorosa, que as pessoas não estavam querendo comprar seus limões. Foi aí que me ocorreu a ideia de sugerir que ela mudasse o pregão para: “leve limão! Mais vitamina C para sua família...” Havia uma crise de gripe na época e com esse apelo oportuno, a menina vendeu todos os seus limões. Na saída da feira, encontrei com ela reabastecendo a cesta com o produto, para novas investidas de venda. No que me viu, correu para agradecer pela sugestão e me deu um pacote de limões. Aceitei, porque já naquela época eu achava que não deveríamos dar de graça nossas ideias.
Já faz um bom tempo, eu morava no Rio de Janeiro. Um dia na feira, uma menina me ofereceu limão galego. Comprei, e ela agradeceu muito emocionada, talvez por ter sido eu o seu primeiro freguês do dia, ao mesmo tempo em que se queixou, com uma carinha triste e chorosa, que as pessoas não estavam querendo comprar seus limões. Foi aí que me ocorreu a ideia de sugerir que ela mudasse o pregão para: “leve limão! Mais vitamina C para sua família...” Havia uma crise de gripe na época e com esse apelo oportuno, a menina vendeu todos os seus limões. Na saída da feira, encontrei com ela reabastecendo a cesta com o produto, para novas investidas de venda. No que me viu, correu para agradecer pela sugestão e me deu um pacote de limões. Aceitei, porque já naquela época eu achava que não deveríamos dar de graça nossas ideias.
Na
pagina 6 da edição Março/Abril da revista ESPM, tem uma charge do Dorinho
que mostra um garoto oferecendo lenços na porta de dois velórios: “olha o
lenço! Olha o lenço!” É claro que ele vendeu seus lenços para quem estava
chorando ou não.
A menina dos limões e o menino dos lenços são dois bons exemplos de criação e aproveitamento das oportunidades do mercado, e isso é empreendedorismo.
Aplicando o exemplo à nossa atividade, a propaganda, posso garantir que o mercado está abarrotado de empresas, verdadeiros prospects que nunca anunciaram regularmente. Então eu pergunto para os colegas publicitários: não seria melhor procurar conquistar esses prospects, antes que um concorrente os encontre?
Um abraço!
A menina dos limões e o menino dos lenços são dois bons exemplos de criação e aproveitamento das oportunidades do mercado, e isso é empreendedorismo.
Aplicando o exemplo à nossa atividade, a propaganda, posso garantir que o mercado está abarrotado de empresas, verdadeiros prospects que nunca anunciaram regularmente. Então eu pergunto para os colegas publicitários: não seria melhor procurar conquistar esses prospects, antes que um concorrente os encontre?
Um abraço!
quarta-feira, 3 de abril de 2013
Entrevista: Propaganda - o caminho da pedras
Esta entrevista detalha um pouco mais do meu livro "Propaganda - o caminho da
pedras", seu conteudo e os objetivos que nortearam sua edição.
Acesse:
Entrevista com Humberto Mendes, autor de "Propaganda: O Caminho das Pedras"
pedras", seu conteudo e os objetivos que nortearam sua edição.
Acesse:
Entrevista com Humberto Mendes, autor de "Propaganda: O Caminho das Pedras"
terça-feira, 12 de março de 2013
Propaganda - O caminho das pedras
Ultimamente andam me homenageando muito, me
entrevistando em jornais, programas de TV, Radio etc. Como já estou com setenta
e tantos anos, chego a pensar que me aproximo do fim. É o "tie-break"... E por
isso mesmo é que insisto sempre com os jovens estudantes e publicitários para
que procurem ser éticos, que amem o ofício que escolheram e que sejam
profissionais em tempo integral. Então aí vai uma entrevista concedida ao Raul Nogueira Filho, no Programa "Grandes Nomes da Propaganda", em que falo disso,
esperando fazer alguma coisa útil para os que estão chegando agora no mercado de
trabalho.
Um abraço!
Acesse:
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Papo de Propaganda
O Pará me cercou de carinhos e homenagens quando estive lá e, se já não bastasse isso, o Gilvan Capistrano, do Papo de Propaganda, fez uma entrevista comigo. Você pode assisti-la, clicando no link abaixo.
Acesse:
Papo de Propaganda
Acesse:
Papo de Propaganda
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
"A cartilha do Humberto"
Eloy Simões foi um dos publicitários mais criativos
que São Paulo ja teve.
Eloy fez um comentário no site Acontecendo aqui,
que encheu meu coração de alegria e me animou a continuar escrevendo sobre o
tema. Tomo a liberdade de transcrevê-lo abaixo.
.....
A cartilha do Humberto
1.“Olhe para as pernas deles.” Ali, no Campo de Treinamento da Barra Funda, eu via Cilinho acompanhar o treino dos jovens da categoria sub vinte. Sentado ao lado dele, ouvia e anotava algumas coisas que poderiam ajudar-me no marketing do S. Paulo F.C., que eu dirigia.
Cilinho é um estudioso das coisas do futebol, dedicação que fez o clube a conquistar, com uma equipe muito jovem dirigida por ele, vários títulos na década de oitenta.
Naquele momento ele me chamava a atenção para um detalhe que passaria despercebido para um leigo como eu:
“Jogador de pernas finas tem muito mais chance de ser um craque do que os de pernas grossas.”
E explicava:
“De uns tempos para cá os clubes começaram a contratar preparadores físicos, gente formada em Universidades, que veio trabalhar com os técnicos, quase todos boleiros que nem eu, que se tornam treinadores depois que param de jogar. Aí, os preparadores, melhor preparados intelectualmente, passaram a impor preparo físico cada vez mais intensivo. Os jogadores, então, começaram a se tornar atletas e a deixar de lado o futebol-arte. Que, por isso, está perdendo a graça.
Eles ganharam velocidade, chutam mais forte, mas são incapazes de dar um drible bonito, de fazer uma jogada emocionante. São os pernas grossa.”
2.Lembrei-me desse episódio quando li Propaganda – O caminho das Pedras, do Humberto Mendes, entre outras coisas vice-presidente executivo da Fenapro, lançado pela Editora NVersos.
De uma forma clara, simples, direta, Humberto mostra o caminho das pedras para quem quer alcançar o sucesso na propaganda. Fala diretamente com os jovens, mas seus ensinamentos atingem a todos os que se tornaram profissionais de pernas grossas, incapazes de produzir uma comunicação brilhante.
Humberto fala deles, “os publicitários autoconsagrados, que acham que não precisam da orientação de ninguém. Eles pensam que já sabem tudo.” Define o seu público alvo “os alunos de comunicação em qualquer estágio, os formandos e também aqueles que estão entrando hoje no mercado de trabalho”. Critica qualidade do ensino e cita vários exemplos. E dá uma série de sábios conselhos. O primeiro deles:
“Não espere entrar no mercado de trabalho para começar a aprender.”
Aí, deita e rola.
3. Enquanto desfila conselhos, Humberto cita algumas personalidades gigantes da história da publicidade. Como Caio Domingues, por exemplo:
“Todo produto tem uma história interessante. Vale a pena trabalhar para descobri-la.”
“Um anúncio medíocre custa o mesmo que um anúncio brilhante. E um anúncio burro custa mais caro que um anúncio inteligente, mesmo quando é menor.”
Ou como David Ogilvy:
“Se você entrar direto numa agência de publicidade ao formar-se na Escola de Administração de Harvard, esconda sua arrogância e continue estudando.”
Lembra-nos de pensamentos como
“O tempo e a matéria-prima da vida. Não o desperdice.”
“A única coisa que ninguém consegue recuperar na vida é o tempo perdido.”
E vai por aí afora, distribuindo sabedoria.
Sabedoria que não temos o direito de desperdiçar, a menos que desejemos nos tornar publicitários de perna grossa.
(Elóy Simões. Publicado em: http://www.acontecendoaqui.com.br/posts/a-cartilha-do-humberto-mendes/ no dia13 de fevereiro de 2013)
Aposentou-se e foi morar em Floripa (sorte dele!),
mas como publicitario será sempre escravo do trabalho: o cara hoje é diretor de
faculdade.
.....
A cartilha do Humberto
1.“Olhe para as pernas deles.” Ali, no Campo de Treinamento da Barra Funda, eu via Cilinho acompanhar o treino dos jovens da categoria sub vinte. Sentado ao lado dele, ouvia e anotava algumas coisas que poderiam ajudar-me no marketing do S. Paulo F.C., que eu dirigia.
Cilinho é um estudioso das coisas do futebol, dedicação que fez o clube a conquistar, com uma equipe muito jovem dirigida por ele, vários títulos na década de oitenta.
Naquele momento ele me chamava a atenção para um detalhe que passaria despercebido para um leigo como eu:
“Jogador de pernas finas tem muito mais chance de ser um craque do que os de pernas grossas.”
E explicava:
“De uns tempos para cá os clubes começaram a contratar preparadores físicos, gente formada em Universidades, que veio trabalhar com os técnicos, quase todos boleiros que nem eu, que se tornam treinadores depois que param de jogar. Aí, os preparadores, melhor preparados intelectualmente, passaram a impor preparo físico cada vez mais intensivo. Os jogadores, então, começaram a se tornar atletas e a deixar de lado o futebol-arte. Que, por isso, está perdendo a graça.
Eles ganharam velocidade, chutam mais forte, mas são incapazes de dar um drible bonito, de fazer uma jogada emocionante. São os pernas grossa.”
2.Lembrei-me desse episódio quando li Propaganda – O caminho das Pedras, do Humberto Mendes, entre outras coisas vice-presidente executivo da Fenapro, lançado pela Editora NVersos.
De uma forma clara, simples, direta, Humberto mostra o caminho das pedras para quem quer alcançar o sucesso na propaganda. Fala diretamente com os jovens, mas seus ensinamentos atingem a todos os que se tornaram profissionais de pernas grossas, incapazes de produzir uma comunicação brilhante.
Humberto fala deles, “os publicitários autoconsagrados, que acham que não precisam da orientação de ninguém. Eles pensam que já sabem tudo.” Define o seu público alvo “os alunos de comunicação em qualquer estágio, os formandos e também aqueles que estão entrando hoje no mercado de trabalho”. Critica qualidade do ensino e cita vários exemplos. E dá uma série de sábios conselhos. O primeiro deles:
“Não espere entrar no mercado de trabalho para começar a aprender.”
Aí, deita e rola.
3. Enquanto desfila conselhos, Humberto cita algumas personalidades gigantes da história da publicidade. Como Caio Domingues, por exemplo:
“Todo produto tem uma história interessante. Vale a pena trabalhar para descobri-la.”
“Um anúncio medíocre custa o mesmo que um anúncio brilhante. E um anúncio burro custa mais caro que um anúncio inteligente, mesmo quando é menor.”
Ou como David Ogilvy:
“Se você entrar direto numa agência de publicidade ao formar-se na Escola de Administração de Harvard, esconda sua arrogância e continue estudando.”
Lembra-nos de pensamentos como
“O tempo e a matéria-prima da vida. Não o desperdice.”
“A única coisa que ninguém consegue recuperar na vida é o tempo perdido.”
E vai por aí afora, distribuindo sabedoria.
Sabedoria que não temos o direito de desperdiçar, a menos que desejemos nos tornar publicitários de perna grossa.
(Elóy Simões. Publicado em: http://www.acontecendoaqui.com.br/posts/a-cartilha-do-humberto-mendes/ no dia13 de fevereiro de 2013)
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Sustentabilidade: as madeiras de lei e a publicidade
O termo sustentabilidade está cada
vez mais em moda no dia a dia das pessoas e em todos os segmentos da
sociedade brasileira. Qualquer coisa é sustentabilidade pra lá,
sustentabilidade pra cá... E tome sustentabilidade para tudo.
Então
vamos aproveitar para ampliar um pouco mais o uso do vocábulo, fazendo uma
comparação entre o que está acontecendo com as madeiras de lei e a
publicidade.
Falando
em termos de equilíbrio ecológico, por exemplo, é de lamentar -
profundamente lamentável mesmo - a constatação de que nossas chamadas
madeiras de lei como jacarandá, cedro, peroba, marfim, mogno e até o pinho
que era produzido em larga escala no sul do país parecem estar
praticamente com os dias contados, porque não vemos o seu replantio. É
claro que há exceções, mas a maior parte do reflorestamento de que se tem
noticia, está acontecendo com espécies sem o mesmo valor e nobreza dessas
espécies em extinção.
Trazendo
esse exemplo para a nossa atividade, a publicidade, é da mesma forma
triste, muito triste, a conclusão a que se chega de que não houve
renovação dos nossos “homens de lei”, de grandes profissionais como
Armando D’Almeida, Caio Domingues, Renato Castelo Branco e tantos outros
que, comparados ao jacarandá,
cedro, peroba, mogno e outros, eram os nossos “paus pra toda obra”, sempre
tomando posições em defesa da atividade fazendo-a respeitada em todos os
nichos da sociedade, porque
não permitiam que certos pilantras fizessem uso dela para
enriquecimento ilícito. Porque cobravam o preço justo pelo seu trabalho.
Porque não abriam mão da ética, da dignidade, do respeito ao ofício de
publicitário e do
profissionalismo que regia suas vidas e a própria
atividade.
Lamentavelmente isso é tudo o que não vemos nos nossos dias atuais.
É claro
que existem grandes profissionais que não concordam com o desmanche que
está sendo promovido por alguns empresários da publicidade que, a exemplo de madeireiros sem
caráter e sem respeito, só enxergaram o lucro imediato e dizimaram com as
nossas florestas.
Mas
ainda há tempo de reparar as falhas e corrigir a rota do nosso negócio. É
uma questão de refletir sobre o que estamos fazendo pela sobrevivência de
nossa atividade.
Porque
não podemos permitir que ela
seja dizimada.
(Publicado em Propaganda & Marketing em
21.01.13)
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