quinta-feira, 30 de abril de 2015

Crise... Que crise?

Nada melhor que a boa propaganda para enfrentar as crises em qualquer época da humanidade. Desde a minha mais tenra idade, no fim dos anos cinquenta, início dos anos sessenta, no século passado, trabalhando em propaganda, sempre ouvi os mais velhos e até os  melhores profissionais se lamentando das crises em que vivíamos, não só naqueles dias, mas também das próximas crises que certamente ainda viriam, mas o que ninguém pode negar é  que até as mais duras crises eram enfrentadas e vencidas pelo talento e profissionalismo de uma atividade, a propaganda, que já naqueles tempos era solução para todo tipo de problema que aparecesse na indústria, no comércio e em todos os segmentos de nossa economia.

Ao mesmo tempo em que muito se falava em crise, também se trabalhava com denodo e muita perseverança para enfrentar e vencer os desafios que fatalmente interfeririam, afetando marcas e produtos em  todos os nossos mercados. É claro que havia os que perdiam com as chamadas crises, e esses eram aqueles que se comportavam e ainda se comportam hoje como um avestruz que, diante de um perigo qualquer,  faz um buraco no chão e enfia a cabeça para se esconder de seu próprio medo. Muitos empresários também se escondiam, pensando que ao cortar seus investimentos em comunicação estariam fazendo economia, e historicamente o resultado desse tipo de atitude todos sabemos: é a perda de seu próprio mercado para outras marcas que não pararam e nem param de se comunicar.

Temos grandes exemplos disso: na crise de 29, nos Estados Unidos, marcas como Caterpillar, Coca Cola, Westhinghouse, Texaco, Esso, Ford, Goodyear  e tantas outras continuaram investindo em comunicação de marketing, encarando a grande crise como uma espécie de véspera de solução. Ou seja, mostrando para elas próprias e para o mundo que não há crise que resista às ações da boa propaganda, quando é  elaborada por boas agências e veiculada nos bons meios de comunicação.

No Brasil não foi e nem é muito diferente. Durante todas as crises que já vivemos, marcas como Maizena, Hipoglos, Coca Cola, Ford, General Motors, Goodyear, Johnson & Johnson,  Casas Pernambucanas, Antarctica, Brahma, Omo, Gillette, Casas Bahia, Skol e tantas outras, com crise ou sem crise, com guerra ou sem guerra, jamais pararam de se comunicar com o seu público consumidor, mantendo incólume sua boa publicidade, e o resultado final todos conhecemos: não perdem mercado, muito pelo contrário, ampliam cada vez mais sua participação nas vendas e na valorização cada vez maior de suas marcas, valendo acrescentar que, geralmente,  não dão a menor chance para a entrada de outros concorrentes no mercado.

Nos meus mais de 60 anos trabalhando em propaganda já vivi no meio de algumas guerras e crises que assolaram o mundo. Bem recentemente, tivemos uma crise - em 2009, nos Estados Unidos - em que havia um executivo que pela sua imprevidência perdeu tudo, cama, mesa e banho, e chegou ao absurdo de ter que dormir no seu próprio carro, residência que perdeu a razão de existir no momento em que a financeira a tomou por falta de pagamento. O problema por lá foi muito duro para os imprevidentes. Repito: para os imprevidentes.

Mas também aprendi ao longo de minha vida profissional que não devemos agir como o avestruz, mas acreditar em nosso país, em nossa capacidade de trabalho. É preciso, enfim, acreditar que crise é véspera de solução.