Nada melhor que a boa propaganda para enfrentar as crises em
qualquer época da humanidade. Desde a minha mais tenra idade, no fim dos anos
cinquenta, início dos anos sessenta, no século passado, trabalhando em
propaganda, sempre ouvi os mais velhos e até os
melhores profissionais se lamentando das crises em que vivíamos, não só
naqueles dias, mas também das próximas crises que certamente ainda viriam, mas
o que ninguém pode negar é que até as
mais duras crises eram enfrentadas e vencidas pelo talento e profissionalismo
de uma atividade, a propaganda, que já naqueles tempos era solução para todo tipo
de problema que aparecesse na indústria, no comércio e em todos os segmentos de
nossa economia.
Ao mesmo tempo em que muito se falava em crise, também se
trabalhava com denodo e muita perseverança para enfrentar e vencer os desafios
que fatalmente interfeririam, afetando marcas e produtos em todos os nossos mercados. É claro que havia
os que perdiam com as chamadas crises, e esses eram aqueles que se comportavam
e ainda se comportam hoje como um avestruz que, diante de um perigo
qualquer, faz um buraco no chão e enfia
a cabeça para se esconder de seu próprio medo. Muitos empresários também se
escondiam, pensando que ao cortar seus investimentos em comunicação estariam fazendo
economia, e historicamente o resultado desse tipo de atitude todos sabemos: é a
perda de seu próprio mercado para outras marcas que não pararam e nem param de
se comunicar.
Temos grandes exemplos disso: na crise de 29, nos Estados
Unidos, marcas como Caterpillar, Coca Cola, Westhinghouse, Texaco, Esso, Ford,
Goodyear e tantas outras continuaram
investindo em comunicação de marketing, encarando a grande crise como uma
espécie de véspera de solução. Ou seja, mostrando para elas próprias e para o
mundo que não há crise que resista às ações da boa propaganda, quando é elaborada por boas agências e veiculada nos
bons meios de comunicação.
No Brasil não foi e nem é muito diferente. Durante todas as
crises que já vivemos, marcas como Maizena, Hipoglos, Coca Cola, Ford, General
Motors, Goodyear, Johnson & Johnson,
Casas Pernambucanas, Antarctica, Brahma, Omo, Gillette, Casas Bahia,
Skol e tantas outras, com crise ou sem crise, com guerra ou sem guerra, jamais
pararam de se comunicar com o seu público consumidor, mantendo incólume sua boa
publicidade, e o resultado final todos conhecemos: não perdem mercado, muito
pelo contrário, ampliam cada vez mais sua participação nas vendas e na
valorização cada vez maior de suas marcas, valendo acrescentar que, geralmente, não dão a menor chance para a entrada de
outros concorrentes no mercado.
Nos meus mais de 60 anos trabalhando em propaganda já vivi no
meio de algumas guerras e crises que assolaram o mundo. Bem recentemente,
tivemos uma crise - em 2009, nos Estados Unidos - em que havia um executivo que
pela sua imprevidência perdeu tudo, cama, mesa e banho, e chegou ao absurdo de
ter que dormir no seu próprio carro, residência que perdeu a razão de existir no
momento em que a financeira a tomou por falta de pagamento. O problema por lá
foi muito duro para os imprevidentes. Repito: para os imprevidentes.
Mas também aprendi ao longo de minha vida profissional que não
devemos agir como o avestruz, mas acreditar em nosso país, em nossa capacidade
de trabalho. É preciso, enfim, acreditar que crise é véspera de solução.
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