Este blog vem atender as inúmeras solicitações de estudantes de propaganda, ex-estagiários e jovens profissionais que estão entrando agora no mercado de trabalho, aos quais pretensiosamente acredito ser possível passar, em alguns minutos, conceitos e valores que levei mais de 50 anos e muita porrada pra aprender. Nele você encontrará crônicas, causos, cases além de histórias e discussões em torno da propaganda.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Falta de respeito
Acho que está faltando um pouco mais de noção do que seja o limite de cada um para alguns profissionais de criação e de atendimento de certas agências, e também para alguns daqueles que, atuando no marketing ou na propaganda do anunciante, aprovam o trabalho em nome deste.
Limites do que se pode e não se pode fazer, ou noções simples de que não se pode faltar com o devido respeito ao ser humano, e a qualquer outro ser.
A falta de respeito atual com a mulher chega a ser acachapante. Algum irresponsável dá asas à sua imaginação e, fazendo aquilo que ele entende como sendo "sacadas geniais", comete verdadeiras atrocidades contra a mulher e, como se detestasse a flor, desvalorizando-a, coloca-a na condição de um objeto de uso qualquer.
Grave também é que alguém no cliente aprove essas excrescências e, quando vamos ver, já estão no ar, em plena veiculação. Tem uma peça em que uma tal Musa do Verão, de biquíni, é entregue em domicílio para homens. Um outro anúncio diz que a cerveja tal é tão gostosa quanto mulher, pura ou turbinada.
A falta de respeito, nesses dois casos, não foi só com a mulher, que continua sendo vilipendiada, foi também com o anunciante, que paga por essas besteiras, com o consumidor, que é visto como um idiota, para se deixar envolver por argumentos tão mesquinhos, rastaqueras mesmo e, com a própria atividade da propaganda que, mais uma vez, é qualificada como carente de seriedade.
Nota publicada por Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, dia 12/03/2008.
Agora, por exemplo, a Ambev está prometendo financiar uma campanha de prevenção à dengue em parceria com o Ministério da Saúde e outros setores da área. É para compensar essas grandes besteiras e, a meu ver, não é suficiente para compensar os prejuízos.
Acredito que até o mais novo office-boy de uma agência de propaganda possa antever que tanta "sacada genial" vai dar um rolo daqueles, com as senhoras de Santana chiando, com o Conar mandando tirar do ar, com a mídia baixando o pau na propaganda e tudo aquilo que, sabemos, vira-se contra a nossa atividade. Enquanto isso, meus amigos, a imagem da propaganda vai para o ralo.
Será que não vale a pena consultar o boy da agência antes de finalizar certos jobs tão criativos?
(Publicado originalmente em 16 mar 2008 em www.jornalirismo.com.br)
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