quinta-feira, 19 de maio de 2011

Culpados e inocentes

Participei de um debate num desses canais de TV a cabo em que estavam 2 jornalistas, um pastor protestante e quatro consumidores "pegados a laço na rua". O pastor condenava a propaganda como "arte de satanás", que só serve para instigar as pessoas a consumirem o que não precisam, e os consumidores, coitados, se declaravam ludibriados pela propaganda que os levou a acreditar que tudo o que era anunciado era a mais absoluta verdade. Aqueles cinco - e também os jornalistas - discutiam sobre falhas, como o não cumprimento dos prazos de entrega, a má qualidade de determinados produtos anunciados e o péssimo atendimento por parte do vendedor lojista. Em resumo, naquele debate eram lançadas todas as diatribes anti-propaganda que eu ja vi em todos os meus muitos anos de publicitário. E eu ali, aguentando firme aquela conversa sem o menor sentido, principalmente porque eles já haviam definido que a propaganda é a grande culpada pelos males do mundo.

Até que chegou a minha vez de falar: para os jornalistas ficou claro se não fosse a propaganda, os meios de comunicação que pagam os seus salários não existiriam. Os quatro consumidores entenderam que quem não entrega o produto, quem mente sobre a qualidade destes e quem recebe o dinheiro que eles pagam em prestações não é a propaganda, mas um lojista que não merece um mínimo de credibilidade - e esses, felizmente, são minoria. O pastor ficou por último e foi fácil mostrar-lhe que satanás não passa de uma figura que a propaganda das religiões inventou e que, se a propaganda fez algum mal para a humanidade, esse foi o maior de todos. Mas como não há mal que dure sempre, dia virá em que alguém há de fazer propaganda contra essa que é uma das maiores farsas já inventadas, o tal capeta, satanás, o coisa ruim... E então, preparem-se, senhores pastores, porque no dia em que isso acontecer, muitas igrejas, para quem satã é o grande "cabo eleitoral" ou ponto de apoio, perderão a razão de existir.

A verdadeira propaganda - que é a que nós fazemos - não tem culpa de nada.

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