sexta-feira, 4 de março de 2011

Pornografia: aquilo é propaganda?

Pediram para eu escrever sobre o caso dos outdoors pornográficos que provocou mais movimentação policial do que o próprio GP de Fórmula Um que inspirou a veiculação daquela excrescência...

Pra começar, peço um aplauso especial para o Conar e para o Orlando Marques que tomaram a atitude correta.
Normalmente eu não costumo comentar apocrifia, subcultura e principalmente subpropaganda. Tanto é assim, que muitas já passaram por mim impunemente, como panela de pressão Lares, facas Ginsu, meias Vivarina, Derma Bust e outras, de produtos sobre os quais não se ouve falar mais nada. Mas como tem sempre uma primeira vez e como algumas pessoas me honraram com seus pedidos, vamos lá.
No dia em que estourou o escândalo, eu passava de táxi perto de uma daquelas placas, e o motorista, para bancar o engraçadinho, chamou minha atenção, mostrando aquilo como se fosse alguma coisa digna de registro. Pedi para o bom conterrâneo dar uma paradinha e ficamos ali, por uns 3 ou 4 minutos, mas nem assim consegui ler todo o texto e entender direito a proposta do cartaz, tal o volume de elementos mal colocados, mal diagramados, numa verdadeira cacofonia de cores, letras e ofertas. As fotos e o fato principal, a pornografia, foram o que menos me chamou a atenção, porque é um tema que já está altamente escancarado, principalmente por comunicação que não tem nada a ver com propaganda.
Resumindo, diante de tanta mediocridade, não consegui qualificar nem como um trabalho antediluviano.
De volta ao escritório, preocupadíssimo, entrei em contato com todas as pessoas que poderiam me ajudar a descobrir de quem seria a autoria daquela excrescência e ninguém conseguiu identificar esta ou aquela de nossas agências, o que, para mim, é motivo de muita alegria.
Daí, atribuo a responsabilidade pelo trabalho a uma ação direta do anunciante, usando modelos baratos, fotos com aquela qualidade e outros quejandos. Tudo feito em casa, por um custo baixíssimo, afinal “a propaganda” já devia estar toda "bolada", pois é assim que acontece.
Tenho certeza de que, se o anunciante tivesse procurado uma boa agência de propaganda, ela teria desaconselhado tamanha besteira, e ele, certamente, teria evitado passar pelo vexame que está passando.

Publicado em Propaganda e Marketing em 26 set 2005

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