quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A importância da propaganda

Como aconteceu nos Estados Unidos e noutros países, aqui no Brasil não foi diferente: antigamente eram os corretores de jornais os responsáveis pela maior parte da propaganda comercial que se veiculava no mundo e aqui no Brasil. O que levou os mercados a criarem uma atividade chamada "agência" foi o desenvolvimento industrial e comercial que exigia tanto daqueles abnegados profissionais, que eles foram obrigados a se organizar e montar estruturas capazes de atender as exigências do progresso.

Não é novidade para nosso leitor, seja ele publicitário ou não, que a propaganda no Brasil é uma atividade das mais novas. Ela começou a ser incrementada para valer no fim dos anos trinta e início dos anos quarenta, com a chegada de grandes indústrias como General Motors, Ford, Fleischmann Royal, Standard Brands, Esso, Texaco, Refinações de Milho Brazil (com z mesmo) e outras que, no meio de suas malas e bagagens, trouxeram para cá seus bem estruturados departamentos de propaganda.
Esses departamentos, justiça seja feita, começaram a organizar uma atividade que até então era exercida, na maioria dos casos, por corretores de anúncios. O corretor era um vendedor que, trabalhando basicamente para um jornal, angariava os reclames e avisos, cuja elaboração final, geralmente, era de sua lavra ou do próprio anunciante – obras de gênio, que acabavam sendo denominadas de “bolações”.
Só que, quando o anunciante precisava usar outro jornal, ainda que da mesma cidade, era um “Deus nos acuda”, pois o amigo corretor não podia “servir a dois senhores ao mesmo tempo” e o reclame não era publicado, e ele mesmo se incumbia de queimar o jornal concorrente.
Por essas e outras - e também pela falta de experiência desse nosso herói no trabalho de planejar, atender e criar comunicação de qualidade -, a maioria dos reclames começava, invariavelmente, com a frase "Agora no Brasil", composta tipograficamente nas chamadas letras garrafais e aí, tome "Agora no Brasil" para anunciar quaisquer produtos ou serviços.
Mas a indústria foi crescendo, crescendo, se transformando em parque industrial e já não dava mais para fazer o trabalho de propaganda com tanto amadorismo e então começaram a vir para cá grandes agências inglesas e americanas como N.W.Ayer, J. Walter Thompson, McCann Ericsson, Grant Advertising, ao mesmo tempo em que surgiam boas e fortes agências nacionais, como Norton, Lintas, Alcântara Machado, P.A. Nascimento/Acar, Eclética, Petinatti, Orion, Panam e muitas outras, cujos profissionais desenvolveram invejável capacidade criativa.
O negócio da comunicação crescia e se multiplicava a olhos vistos. Era a solução para trabalhar de mãos dadas com uma indústria efervescente que necessitava contar com mais talento e criatividade, não só para vender e desovar milhares de produtos, que até aqueles dias eram importados, mas também para ensinar grande parte dos futuros consumidores a usar coisas como sabonete, creme dental, remédios, utensílios domésticos, perfumes, preservativos e muitos outros itens de consumo que saíam diariamente das máquinas de um parque industrial que já estava sendo forjado. Apenas como registro, não é demais lembrar que ainda hoje a propaganda continua nos ensinando a usar e entender coisas como a informática, a Internet, o celular e tantas novidades que aparecem a cada instante.
Voltando aos velhos tempos, as lideranças, tanto dos anunciantes, quanto das agências, dos meios de comunicação e fornecedores dos serviços de propaganda, sentiam que era preciso organizar as coisas, pois o crescimento, vindo de todos os lados, era irreversível.
E foi assim que a velha e boa necessidade, mãe de todas as invenções, criou o primeiro Sindicato de Agências de Propaganda no estado de São Paulo, sendo que, entre as que ainda estão na ativa, a McCann Ericsonn e a J.W. Thompson são as mais antigas associadas. A partir daí, as agências de propaganda e os veículos, a começar pelos jornais, passaram a implantar Sindicatos em todos os Estados da União, até que há 25 anos foi criada uma federação, a Fenapro, para congregar e manter unidos e organizados os nossos Sindicatos de Agências, hoje Sinapros.
Usando aquela antiga frase dos tempos do reclame que critiquei ali atrás, posso assegurar que “Agora no Brasil” já temos quase 20 sindicatos fortes, uma federação mais forte ainda – uma verdadeira indústria de comunicação, formando legiões de profissionais anualmente, disputando e conquistando os mais cobiçados prêmios de todo mundo, além de contarmos, também, com outras entidades fortes e importantes como ABA, ABAP, ABP, ANJ, APP, CEMP, CONAR, ABRAS, ABERT, ANER e outras, cuja principal atividade é a luta permanente em defesa dos interesses e do desenvolvimento de uma grande indústria chamada Propaganda.
Nos Sinapros – Sindicatos das Agências de Propaganda de todo Brasil – e na Fenapro, trabalhamos incansavelmente para manter a coesão e aprimorar as relações entre todos: agências, veículos, anunciantes e fornecedores, porque os atores que compõem este quarteto insuperável e inseparável têm plena consciência do valor que a propaganda agrega aos negócios de todos.
Do Brasil, principalmente!

(Publicado em 22/11/2007 – Diário do Pará).

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