quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Proibições e regulamentos

Pensando friamente, a culpa não é da propaganda, mas sim de quem permite fabricar produtos que, segundo sua própria opinião, são nocivos à saúde da população.

Ainda não entrou em vigor a “Lei Geral de Comunicação de Massa” e já é assustador o que se fala sobre a possível regulamentação da propaganda de alimentos.

D. Patrícia Chaves Gentil, consultora do Ministério da Saúde: “A meta é evitar a massificação da propaganda de alimentos...”. “É difícil promover hábitos saudáveis de alimentação. A criança acaba sendo o principal alvo da publicidade”.

Por outro lado é louvável a coragem do sr. Cleber Ferreira, da Anvisa, quando ele diz: “Não basta ter uma legislação de interferência na propaganda, se não houver uma proposta forte de educação alimentar”. Ele tem razão. No Brasil nunca houve uma proposta semelhante, ou em nível aceitável.

E lá vem outra, agora da ONG Kairós: d. Fabiola Zerbini diz: “Não defendo a censura, mas especialmente no caso de propaganda de alimentos na televisão, acredito que aquelas com produtos pouco nutritivos não deveriam ser veiculadas em horários que têm crianças assistindo...”.

Tem mais: o diretor jurídico da Abia, associação que reúne a indústria de alimentos, diz que “Pretendemos diminuir a ferocidade da publicidade dos Alimentos onde haja uma especificação para o público infantil...”.

Causa espanto ver que tem gente que fala em ferocidade da propaganda, outros lembram que é permitido fabricar produtos pouco nutritivos, portanto perigosos, outros falam da massificação da propaganda que não permite criar bons hábitos alimentares.
A impressão que essas pessoas nos passam é que não sabem que todos esses produtos, nutritivos ou não, são legalmente fabricados, por indústrias que pagam altos impostos, investem muito alto em pesquisas e desenvolvimento de produtos, em formação de mão-de-obra especializada e, em termos de empregos, para falar só nos diretos, tiram muita gente da informalidade.
É claro que a indústria de alimentos investe também em propaganda. Investe menos do que deveria. A propaganda, por sua vez, também emprega muita gente, gera progressos, desenvolvimento e assim por diante.
Ora, considerando que essas minhas afirmativas são absolutamente verdadeiras, pois duvido que alguém tenha coragem de desmenti-las, defendo a proposta de que, se é legal fabricar, cobrar todos os impostos etc. e tal, tem que ser legal, também, anunciar.
Ou então que se faça um projeto que proíba a fabricação de tais produtos “tão perigosos para a saúde da população”.

Mas, por favor, não transfiram para a propaganda a responsabilidade pelo pecado da gula e pela péssima educação que nossas crianças recebem, de uma escola fraca e de pais que pouco ou nada lhes ensinam.

(Publicado em: 14/02/2005 – Propaganda & Marketing).

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