quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Marcas eliminadas

Deveria ser proibido tirar de circulação marcas que prestaram grande colaboração à humanidade. Quem entre nós não tomou um mingau de Maizena ou não levou uma passada de Hipoglós na bundinha quando criança, ou não começou escovando os dentinhos com Kolynos? Vale lembrar que as mães talvez nem soubessem que se tratava de amido de milho e de uma pomada à base de fígado de peixe. Por outro lado, as marcas prestaram uma grande colaboração ao desenvolvimento industrial de todo o mundo, de todos os povos. Elas deveriam ser mantidas para servirem de exemplo às novas gerações, em qualquer atividade humana.
A marca é um ser vivo. Ela faz parte da nossa vida e vice versa.


Se eu disser que não fiquei triste com a manchete “Publicis elimina Salles e Norton”, com retrato do Paulinho e tudo, na primeira página da edição anterior do nosso Propaganda & Marketing, estarei mentindo. Não tenho o menor conhecimento das condições internacionais que pautaram as negociações e contratos entre as duas grandes Agências e o grupo francês Publicis.
Tenho conhecimento, sim, das condições do coração. E disso eu posso falar: do coração de publicitários como eu e tantos outros de minha geração que vimos a Norton do Geraldo Alonso e a Salles do Mauro Salles, ao longo dos 100 anos, 60 de uma e 40 da outra, em que atuaram com seus nomes originais, formando legiões de grandes profissionais e promovendo uma verdadeira revolução nos costumes e nas estruturas, para fazer da propaganda brasileira uma das melhores, mais criativas e mais éticas de todo o mundo.
Não tenho dúvidas de que mudanças como esta trazem no seu bojo muita coisa nova, ampliam a atuação das empresas e agregam novos valores e muito mais dinamismo à própria atividade da propaganda como um todo. E sou grato por isso.
Mas as mudanças, por melhores que sejam, só não conseguem tirar da nossa lembrança a saudade e a gratidão por tudo de bom que legaram à nossa profissão, a Norton do Geraldão, a Salles do Mauro, a Standard do Cícero, que agora é Ogilvy, a Denison do Celso Japiassu, a Lintas do Rodolfo, a CBBA do Castello, a Grant Advertising, que morreu após virar Coscom - também, com um nome desses, ninguém resistiria"

Não é só uma questão saudosimo, mas as mudanças não eliminam a lembrança e a saudade dessas e de tantas outras marcas a quem devemos tanto...

(Publicado em 13/07/2005 - Propaganda & Marketing).

Um comentário:

Caio Barsotti disse...

Prezado Humberto, já havia publicado um comentário, mas parece que deu pau, como dizem quando as coisas não funcionam como desejamos ao utilizar um PC.
Humberto, parabéns pela iniciativa do blog. É uma atitude bacana, em minha opinião, pela generosidade que expressa ao contribuir com tantos quantos se interessem pelo bom profissionalismo.
Parabéns!!