sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vitória de Pirro

Esta crônica foi publicada em setembro de 2006 em Propaganda & Marketing. Ela é lembrada hoje neste blog, porque o assunto que a motivou continua ativo.
Infelizmente ainda tem gente que não valoriza o trabalho que faz, dando de graça o que tem de mais caro e mais nobre.


Cada vez que vejo nossa imprensa informando que agências fulana, sicrana e beltrana venceram uma concorrência, na qual não cobraram isso e deram de graça aquilo em função do tamanho da conta ou de imposição de grandes clientes, além de ficar estarrecido, fico pensando se é mentira ou se é verdade, e qual vai ser o resultado futuro, não só para os vencedores, mas principalmente para a indústria da propaganda como um todo...

Para mim, uma conquista nesses moldes não passa de uma "Vitória de Pirro". Pirro, para quem não sabe, foi rei de Épiro, um pequeno país que ficava ali pela Ásia Menor, que em determinado momento entrou em guerra com Roma e começou a vencer pequenas batalhas, só que o reino de Épiro perdia tantos efetivos, que não tinha condições de repor. O resultado é sobejamente conhecido.
É daí que se origina o conceito “Vitória de Pirro”.

Uma certa concorrência em que as vencedoras abriram mão de cobrar custos de produção e sei lá mais o quê, é uma autêntica “Vitória de Pirro”: algumas agências vão operar uma verba de mais de 200 milhões a custo zero de produção e o resultado disso, dessa “jogada inteligente”, é que anunciantes de muito menor porte do que aquele detentor de mais de 200 milhões já começam a apertar suas agências, com a velha e tradicional argumentação: “se é possível conceder tanto para um anunciante com toda essa dinheirama, porque não o é também para minha empresa, que é muito menor, que tem na propaganda sua principal "ferramenta de vendas", mas que dispõe de parcos recursos para investir?.
O que responder para esses anunciantes de menor porte, que tanto precisam de propaganda?
Não podemos começar a inventar justificativas estapafúrdias e nem lhes dar respostas descabidas, sem o menor sentido, mentirosas mesmo...
Tudo isso é altamente preocupante porque, infelizmente, o número de agências e clientes de pequeno porte em nosso País é muito maior do que o de agências e anunciantes de grande porte. Se essa moda de não cobrar pega, não sei onde vamos parar.
Tal qual aconteceu com o Reino de Épiro, pergunto: o que será do “Reino da Propaganda?”.
Infelizmente na comunidade não só de donos de agência, mas também de dirigentes do setor, ainda tem gente que se ilude e se contenta com essas Vitórias de Pirro.

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